quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Tempo e Espaço

Quando o desespero aperta seu calo

No local onde já se vê uma ferida

Quando nada lhe desperta interesse

Mesmo um afago no cabelo.

Olha pra dentro e pra fora

Fique onde está, não se mova.

Senão a areia movediça lhe traz ao fundo

E a ferida é o menor de sua preocupação.


Quando o fel amargo desponte de sua boca

Da parte mais profunda dela

Quando o estômago dói e a cabeça gira

Mesmo com mimos de amigos.

Faz nuvens num papel, uma máscara de papelão

Esquece do coração, brinca de não ser

Senão a corrente traz o esqueleto que carrega.

E o temor lhe dá frio na espinha.


Se não se sabe pra onde ir, fique.

Se não se sabe engolir, vomite.

E, como Pessoa, faça castelos com as pedras

Ou, simplesmente, não faça nada.


O tempo e o espaço se encarregam por si.


Cristiano Melo, 02 de Fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Vida e Morte

A bruma densa em que se encobrem os tesouros
Não poderia ter luz mais forte para encontrá-los
Que a própria vida, a existência na insistência
De viver a busca incessante do dourado sagrado.

Não se lhe dá de graça, pela sua graça
Espia por entre a bruma o esperado
Guarda firme o precioso encontrado
Continua a procura de mais da vida esparsa.

Se de cansaço senta e esquece
Diligente esteja para não seres roubado
Pois de vida vivem os vampiros.

Coragem! A mudança não fenece
Mosaico de tua vida untado
A morte te vê por entre os espinhos.

Cristiano Melo, 01 de Fevereiro de 2010.
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