Quando o desespero aperta seu calo
No local onde já se vê uma ferida
Quando nada lhe desperta interesse
Mesmo um afago no cabelo.
Olha pra dentro e pra fora
Fique onde está, não se mova.
Senão a areia movediça lhe traz ao fundo
E a ferida é o menor de sua preocupação.
Quando o fel amargo desponte de sua boca
Da parte mais profunda dela
Quando o estômago dói e a cabeça gira
Mesmo com mimos de amigos.
Faz nuvens num papel, uma máscara de papelão
Esquece do coração, brinca de não ser
Senão a corrente traz o esqueleto que carrega.
E o temor lhe dá frio na espinha.
Se não se sabe pra onde ir, fique.
Se não se sabe engolir, vomite.
E, como Pessoa, faça castelos com as pedras
Ou, simplesmente, não faça nada.
O tempo e o espaço se encarregam por si.
Cristiano Melo, 02 de Fevereiro de 2010