sábado, 30 de março de 2013

Sal






Parcel epitelial sangra águas salgadas
Quarenta bitucas no cinzeiro de cristal
Fosse fera, fosse ferido, exala mortal
Gosto de vaidades esvaídas fulguradas

Pó de pele pelo chão com tom escarlate
Beira a idade para cada cidade tragada
Mais um café? Razão em vão clemente
Foram-se pedaços salgados numa coçada

Sentimento é algo engraçado e perigoso
Quarenta baganas no cinzeiro de metal
Veias carregam o esgoto daquele moço
Sentir é sinônimo de existir num lamaçal

Quarenta anos de idade e muita saudade
Tremulantes vivas com mais um pedaço
De epitélio salgado saído daquela metade...
Da outra se transfigura o pé descalço

Pés. Algo importante que não se é recordado
Fincado acordado, com eles poderia quem sabe?
Ir para longe do mar revolto sem que se acabe
Quarenta cigarros no pacote não guardado

Espelho dedica realidade. Quem ele mostra afinal?
Fosse adjetivo, advérbio ou até substantivo
Quarenta fita irreal a mão ao rosto fatal
Do que se foi é visto ali ilustrativo

Pode doer ser feliz e sentir alguma vez
Os corais são lindos e de todas as cores
Com cuidado não se corta fálico a viuvez
Quarenta anos de idade com o sabor de dores

Esvai o sal do mar a cada baforada
Poder-se-ia ser diferente, ou não!
Fosse o que fosse a sorte escancarada
Deixava o sal ir-se junto com a razão. 


sexta-feira, 29 de março de 2013

Fantasia




Pensara em terem me arrancado as asas
No chão atrelado sem conseguir alcanças as nuvens
Pés presos e mãos estendidas, dor nas costas rasas
Tentava escapar como de costume das fuligens

Qual não é o estranho som da solidão
Quando despertas de uma fantasia
Não me cortaram asas nem alegria
Nunca as tivera quando me veio a razão

Não pude mais voar
Engolir fumaça era o que me restara
Se é que havia voado para algum lugar
Imóvel chorando o penar do agora...

A triste razão, se a tenho é porque nunca tive asas
Solitário, hermético, apático, assustado e, no chão!



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