Parcel epitelial sangra águas salgadas
Quarenta bitucas no cinzeiro de cristal
Fosse fera, fosse ferido, exala mortal
Gosto de vaidades esvaídas fulguradas
Pó de pele pelo chão com tom escarlate
Beira a idade para cada cidade tragada
Mais um café? Razão em vão clemente
Foram-se pedaços salgados numa coçada
Sentimento é algo engraçado e perigoso
Quarenta baganas no cinzeiro de metal
Veias carregam o esgoto daquele moço
Sentir é sinônimo de existir num lamaçal
Quarenta anos de idade e muita saudade
Tremulantes vivas com mais um pedaço
De epitélio salgado saído daquela metade...
Da outra se transfigura o pé descalço
Pés. Algo importante que não se é recordado
Fincado acordado, com eles poderia quem sabe?
Ir para longe do mar revolto sem que se acabe
Quarenta cigarros no pacote não guardado
Espelho dedica realidade. Quem ele mostra afinal?
Fosse adjetivo, advérbio ou até substantivo
Quarenta fita irreal a mão ao rosto fatal
Do que se foi é visto ali ilustrativo
Pode doer ser feliz e sentir alguma vez
Os corais são lindos e de todas as cores
Com cuidado não se corta fálico a viuvez
Quarenta anos de idade com o sabor de dores
Esvai o sal do mar a cada baforada
Poder-se-ia ser diferente, ou não!
Fosse o que fosse a sorte escancarada
Deixava o sal ir-se junto com a razão.