Uma penumbra tomava conta do
quarto em que morava. Uma cama, um ventilador, uma mesa, um computador e sua
cadela. Apontava que a noite já vinha e lembrava que passara o dia em seu
quarto buscando algo em que se apoiar. Talvez um telefonema, um amigo, um
familiar, alguém que pudesse conversar e passar um tempo do tanto tempo sozinho
aguardando muitos tempos. O tempo da agorafobia; da quimioterapia; da aposentadoria
por invalidez; da dor nas articulações passar junto com os efeitos colaterais da
quimio; daquelas coisas que não adianta espernear há de aguardar, parado, com
paciência, o tempo que for. E já vai uns dez anos até então. A alegria de ter
amigos e ir a festas de família estava em seus retratos guardados na cabeceira
da cama. Nada se movia além de si e sua cadela, atenta a cada movimento. Fez um
último, a cadela ficou.
sábado, 11 de maio de 2013
domingo, 5 de maio de 2013
Rosa e carvão
Poderia me dar a mão
ou em silêncio ouvir minha voz
saiu-me algo tão atroz
que não me restou o chão
__________ viva teu mundinho cor-de-rosa
E o carvão? Fiz desenhos com calma
Tu dentro de uma cova rasa
enquanto brincavas de salvar a alma
__________ só não chegues mais perto
Pois te torro os olhos cegos...
por muitas vezes te chamei de irmã
não passas de um monte de pregos
que a tua crença mostre os caroços da romã
_________ és apenas mais uma joça
Que destroça!
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