E eis que a prisão neste mundo
Deixa-me incompleto e mudo
Se o silêncio fala demais
Moribundo, o meu hurra; ruge.
Com celas de pétalas dos rosais
A encarcerar tudo ao redor, foge!
Tudo dentro do silêncio que me come
Devora e destrói o que não se constrói
A alma não está mais incólume
Sem aquela estória de sentir o coração.
E eu, meu bem, já morri
Não me procures mais
Já me fui, corri
Para além do cais.
O mundo não é uma prisão,
ResponderExcluirNem o silêncio é seu inimigo.
Odiamos o silêncio apenas quando
Depreciando a nós mesmos, enganamo-nos...
E como isso é recorrente!
É preciso amar a vida, por mais
Ambígua que ela aparente ser.
É preciso amar a vida, por mais
Dolorosa que ela se mostre.
No fundo, quantas vezes nos tapeamos,
Querendo que o mundo se adapte a nós,
Não percebendo que isso não passa de egoísmo.
É preciso reconstruir-se, como a Fênix,
Nas cinzas, no vazio, no silêncio.
Sim, no silêncio, nas trevas, na solidão!
Pois somente no silêncio encontramos a força
que permite que encontremos paz na tribulação.
Sim, na solidão. Pois, como bem disse Nietzsche,
Se o estômago está envenenado
Tudo o que se come estará contaminado.
Voltemos a apreciar o mundo como uma criança,
Para retornar a se olhar com novos olhos
Apreciando os pequenos milagres invisíveis
Que já não são sentidos e admirados como antes,
Quando bastava uma simples poça d'água
Para saltar e sorrir...