quarta-feira, 30 de julho de 2014
Monólogo-diálogo - Capítulo I
...“Eu sei meu bem! Já te disse. Não discordo de ti. Tudo o que dizes é verdade, não saberia definir o que isso seja então tens toda razão. Adjetivar-me como estás a fazer por anos a fio é a renda da minha existência. Nada a mais, nada a menos. Tenho uma cadela, três dores, uma dezena de mazelas e muitos cabelos. Talvez uma alma guardada em uma gaveta empoeirada e trincada pelo tempo. Mas não vem ao caso meu amor. O importante é o que tu tens e me alegra bem lá no profundo abissal da aquarela de mim pintada com água marinha, que não me tenhas como um acintoso covarde discordante. Ah, também tenho ouvidos! Havia esquecido junto aos cabelos que são muitos e cobrem minhas orelhas, deixando-me surdo, ausente e desmemoriado. No entanto ouvi e continuo a te escutar até que não sobre mais ar em teus pulmões para vibrar tuas cordas vocais, uma vez que mesmo morto ainda te escutarei. A competição que me pões a ver quem é mais mártir que o outro, quem sofre mais no tatame da vida real, eu já afirmei que não concordo uma das poucas coisas que me nego e repudio em fazer. Tu és quem ganha. Sempre ganhaste, mesmo não precisando de nenhum árbitro.” Nando estava presente apenas em corpo e não ouvira nada do que Rô estava lhe falando, não que não tivesse interesse em reverter aquela situação...
*parte integrante do capítulo I do livro "Contrassenso", ainda em processo de criação
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