segunda-feira, 22 de setembro de 2014
Ser Humano
Como a separação d'algo inseparável
Torna-se amargamente inevitável?!
Não há time de futebol, nem pastor pentecostal
Religião alguma, cor de pele, relação sexual...
que me afaste de você]
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sábado, 20 de setembro de 2014
Esclerus
E P
S A
Q C
U I
S E G U R E
C N
E C
N I
D A
O
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quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Esclerose das letras
Queria voltar a escrever,
a criar]
no entanto só tenho
fáceis palavras
num pequeno teclado
onde pressiono
letras erradas.
Se não me faltam palavras,
falta-me a destreza de digitar.
Isto é a morte para um poeta,
ser que lida com a beleza das palavras,
perdido no meio da confusão mental
e do tentar continuar respirando
aspirando
a doçura que pode haver
na feiura das coisas
que existem ao meu lado.
[depois passo horas editando
erros de algo que era tão familiar]
Tenho um quê de revolta
pós apocalítica pessoal
muito banal as rimas
de agora;
até quando?
Fecho os olhos para
talvez quem saiba,
venha alguma inspiração, e
não seja tão cedo ou tarde, assim...
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quarta-feira, 17 de setembro de 2014
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Na árvore a cigarra
Canta alto sem encantar
Deixa a casca e vai
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Outono
sexta-feira, 12 de setembro de 2014
Beija-flores e Girassóis*
Embalava-se preguiçosamente na rede da varanda da casa de campo de sua parceira. Era inverno e o fog cobria parte da plantação de girassóis no campo a sua frente, e só as flores despontavam por cima da bruma. O sol apontava no horizonte, junto aos girassóis, eram vários sois que convidavam a refletir aquele ser entregue à preguiça matinal.
Um beija-flor surgiu elétrico na roseira mais próxima dele, e, isto o irritava, o fato de um ser tão pequeno bater suas asas tão rápido, enquanto ele ainda se empurrava com o dedão do pé na coluna, indolente. Outro beija-flor apareceu, e começaram a brigar pelo espaço-comida: no caso as rosas; dois beija-flores que disputavam as rosas. Bicavam-se com tamanha ferocidade que ele, aborrecido, prestou mais atenção àquela tela; beija-flor parecia uma ave com tanta candura, jamais pensaria que pudessem guerrear em seu cotidiano. "Até beija-flores brigam", pensava o homem-preguiça; "por que então sentia aquela dor de brigar com ela?", justificativas penhoradas no bojo de sua verdade. "Ela ainda não acordou", burilava a mente já ranzinza do homem-rede.
Um deles ganhou a batalha e expulsou o outro que voou quase morto da luta, rosas como troféu. Ela surge, descabelada e com a face amassada do travesseiro, deu bom dia e o beijou com o hálito de ontem, quase uma cicuta. "Ela poderia ao menos ter escovado os dentes antes", pensara o homem com certo asco dela e de beija-flores.
Tudo que era natural parecia afobá-lo além da irritação, o homem que ainda despertava. Agarrou-a, deu-lhe um beijo demorado por cima dos girassóis e a luz cada vez mais radiante do Sol; tirou a sua camisola puída, nem precisava ter trabalho em desnudá-la, e treparam ali mesmo naquele instante.
O homem agora já acordara, quando o marido dela chegou e começaram a lutar por Rosa.
Os girassóis pela primeira vez não se voltaram ao sol, curiosos sobre a natureza humana, deram uma esticadela em direção aos dois homens e Rosa, e boquiabertos no coletivo-solar-amarelo-quente indagavam-se: "como criaturas tão gentis e delicadas eram capazes de brigar? Somos ingênuos." concluíram.
* Revisão da primeira publicação desta crônica no site Cultural Overmundo em 15 de Junho de 2008.
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