Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos, 1963)
I
Enquanto tropeço nas palavras
direcionadas
a mim
deixo todas caírem.
Enquanto tropeço nas palavras
direcionadas
a mim
deixo todas caírem.
II
Não tenho mais mãos
a segurar letras
tampouco ouso
jogar-me das pedras
fugir
de tão pouco
ao mesmo tempo muito
que me disseste em pouso
em meus ouvidos de sentir
matérias de antemão.
III
És livre para ir
vir
sou livre como as letras
por isso as deixo caírem
não tenho mãos!
IV
Sobrepujada arrogância
do sombrio juiz imaginário
a que me arremessaste quando
as letras caíram
além de meus pés
direto ao inferno dromedário.
V
Fujo
não apenas largo
deixo
corro
frouxo e desembestado
daquelas sentenças
de desavenças ao porvir.
VI
Quero paz
nada mais
nada menos
paz, é o que por mim
procurado.
VII
Que as letras caídas
possam inspirar
qualquer tema
poeta
além de mim
nestas faíscas
que queimam.
Fugir para ter paz... E as palavras caídas já não nos pertencem. Lindo, Cris.
ResponderExcluirObrigado, Cris. :)
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