Por Cristiano Melo
A narrativa descritiva de Tatiana Cavalcanti, em seu “Caóticos de uma mulher crônica”, é extremamente pessoal. A autora disseca seus anseios, medos, desejos e esperanças no cotidiano das grandes cidades, num mundo globalizado, levando o leitor a se identificar, de imediato ou um pouco mais lentamente, com algo de sua experiência. De um jeito ou de outro, não se sai ileso dessa identificação.
Com construções paradoxais de vida e morte, como no primeiro conto do livro “Dias de nostalgia e uma vontade absurda de sumir”, a autora busca justificar a impossibilidade de morrer vítima da saudade, muito embora tente, a todo instante, se matar por meio dela. Em "... milhares de mortes que nunca me matam de nada.”, indica-se o contraponto entre a morte metafórica, eufórica e a vida. Assim, percebe-se um dos eixos do livro: o remédio amargo sempre pode ser a solução para determinado problema.
Espirais de frases dicotômicas bem construídas, num labirinto neurótico a que todos estamos sujeitos, como no conto “Saída do labirinto da vida”, Tatiana escreve “... dói querer tanto e não sacar nunca que desejar não é sinônimo de conseguir.”, e balbucia “Eu só quero a saída.”. Soma-se a isso o seu "Ser para sempre”, que traz o desejo, o querer que não se tem facilmente e aquele que seja impossível de conseguir, este o que lhe traz mais prazer em sua busca.
Tatiana escarafuncha sua essência em todos os aspectos, dos recônditos mais profundos aos desejos mais superficiais, criando um conflito de interesses. Numa dicotomia demasiadamente humana, podem ser percebidas as neuroses que este conflito traz a ela e aos seus leitores.
Outro fato marcante no livro “Caóticos” é que a figura do interlocutor da autora é relegada a uma marionete, pois que a sua possível expressão, essência e desejos são ditados por ela: soberana absoluta em seu mundo caótico e sedutor.
Assim, a tríade que permeia, ou melhor, dá esteio a todo o livro são o desejo, o não ter e a morte, a partir dos quais se desdobram os variados contos, que constroem a colcha de retalhos que é a escritora e, por sua vez, os leitores.
Por fim, ao leitor desatento, o "Caóticos" pode parecer um livro com contos pueris. Ocorre que, em cada oração posta, lá está Tatiana apontando o esmeril que é viver nos dias de hoje. Dessa maneira, quem o lê se beneficia com possíveis saídas, indicadas pela autora, para os labirintos caóticos de cada um.
Mas já leu?? ahahahahahah O livro prende a leitura mesmo. Li também, de forma rápida porque é muito bom!
ResponderExcluirAdorei a resenha.
Abraços
Letícia, quem disse que eu consegui desgrudar da rede até acabar de ler o livro?! Só quando terminei. Gostaste da resenha? Obrigado, mas é o que eu realmente senti ao ler o livro. A Tati está "convidada" a continuar mais e mais!
ResponderExcluir:)
Cris, só o título já convida à leitura , com sua resenha então...
ResponderExcluirbjs
Querida, o que me faz lembrar que preciso ler o seu livro!
ResponderExcluirObrigado
beijos
Cris
ResponderExcluirMe faltam palavras pra poder dizer o quão especial você foi e tem sido! Obrigada, obrigada e obrigada!
Beijos
tati