sábado, 10 de dezembro de 2011

Disfarces


imagem da internet, sem autoria



Porquanto a esperteza de um piolho
Engorda de tanto doce-amargo rubro
Disfarça a coceira com saliva anestésica
Entre os cabelos de sua ingênua presa.

Há afeto entre o bicho e a pele de repolho
Couro duro da cabeça vai pra dentro
Enquanto um disfarça o outro ouve música
O líquido vital é sugado pela incerteza.

Se a relação fosse de troca, olho por olho
Poder-se-ia dizer que era amor ao centro
Mas, um engordava e o outro comia mosca
Até o final da última gota sem beleza.

Ainda tentou catar o piolho
Esmagar com as unhas dos polegares de pronto
Já era tarde, desfaleceu como uma casca
Exaurida e morta, mais um cai pela realeza.

O rei piolho, farto, calma e tranquilamente busca outro sangue.

4 comentários:

  1. Cris,
    Poema danado este seu. Gostei muito do jogo das imagens e do disfarce. Segue o meu poema para você. beijos!
    DISFARCE - Regina Lyra

    Se encontrares uma flor no caminho,
    Não passa sem vê-la!
    - Recado do pensamento.

    Se uma rajada de vento
    Refrescar-lhe o rosto
    Pela mão da natureza,
    Deposita carícia,
    Sem malícia,
    - Sua face trigueira.
    Aceita-a sem desgaste,
    Mesmo desfeita...

    Se o sol queimar a pele,
    Bronzear rosto,
    Chama!
    Clama!
    - Não disfarça.

    Lyra, Regina. Atos em Arte.São Paulo: Ed. Scortecci, 2006

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