sábado, 11 de maio de 2013

Chame do que quiser





Uma penumbra tomava conta do quarto em que morava. Uma cama, um ventilador, uma mesa, um computador e sua cadela. Apontava que a noite já vinha e lembrava que passara o dia em seu quarto buscando algo em que se apoiar. Talvez um telefonema, um amigo, um familiar, alguém que pudesse conversar e passar um tempo do tanto tempo sozinho aguardando muitos tempos. O tempo da agorafobia; da quimioterapia; da aposentadoria por invalidez; da dor nas articulações passar junto com os efeitos colaterais da quimio; daquelas coisas que não adianta espernear há de aguardar, parado, com paciência, o tempo que for. E já vai uns dez anos até então. A alegria de ter amigos e ir a festas de família estava em seus retratos guardados na cabeceira da cama. Nada se movia além de si e sua cadela, atenta a cada movimento. Fez um último, a cadela ficou.



3 comentários:

  1. Belíssimo texto...não sei o que dizer meu amigo querido! Só que és um grande poeta, uma pessoa fantástica que e que amo você!
    Vou te deixar meus aplausos por tudo, pelo texto, pela generosidade que tens, por tua alma belíssima, por teus poemas maravilhosos pelo guerreiro que és e por tudo de bom que Deus te deu!
    Um grande beijo com muito carinho Príncipe dos Poetas!

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  2. Chuta tudo, chuta a dor, agarra a poesia, Liberta a coragem, abre as amarras e grita!!!! O universo tem ouvidos!

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  3. Chuta tudo, liberta a coragem, grita ao universo e fica!!! Vc quer e sua voz é desejo!

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