sábado, 11 de maio de 2013

Chame do que quiser





Uma penumbra tomava conta do quarto em que morava. Uma cama, um ventilador, uma mesa, um computador e sua cadela. Apontava que a noite já vinha e lembrava que passara o dia em seu quarto buscando algo em que se apoiar. Talvez um telefonema, um amigo, um familiar, alguém que pudesse conversar e passar um tempo do tanto tempo sozinho aguardando muitos tempos. O tempo da agorafobia; da quimioterapia; da aposentadoria por invalidez; da dor nas articulações passar junto com os efeitos colaterais da quimio; daquelas coisas que não adianta espernear há de aguardar, parado, com paciência, o tempo que for. E já vai uns dez anos até então. A alegria de ter amigos e ir a festas de família estava em seus retratos guardados na cabeceira da cama. Nada se movia além de si e sua cadela, atenta a cada movimento. Fez um último, a cadela ficou.



domingo, 5 de maio de 2013

Rosa e carvão




Poderia me dar a mão
ou em silêncio ouvir minha voz
saiu-me algo tão atroz
que não me restou o chão
__________ viva teu mundinho cor-de-rosa
E o carvão? Fiz desenhos com calma
Tu dentro de uma cova rasa
enquanto brincavas de salvar a alma
__________ só não chegues mais perto
Pois te torro os olhos cegos...
por muitas vezes te chamei de irmã
não passas de um monte de pregos
que a tua crença mostre os caroços da romã
_________ és apenas mais uma joça
Que destroça!




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