domingo, 31 de outubro de 2010

Censura pelo CNE

OPINIÃO



     O CNE pode se manifestar, chegar a um documento democrático, como é o seu próprio papel, dentro do controle social que se buisca há tanto tempo na redemocratização brasileira. Mas daí a cercear, censurar qualquer obra que seja, e aqui ainda acho bom que seja em cima de um escritor da grandeza de Lobato, pois se fosse de um escritor desconhecido, o assunto poderia ter passado desapercebido, é se mostrar contrário ao que realmente ele próprio é, democrático, isso pra dizer um mínimo, sem o calor das minhas tripas que gritam revoltadas aqui dentro. 

     
     Se algo assim fosse, ou é aprovado, então teria-se de revisar TODOS OS DOCUMENTOS REGISTRADOS NO BRASIL, TODOS, sem exceção, além de outras obras de arte, e garanto aqui, não sobraria NADA, nem meus pequenos ensaios de escritor, que não se fosse cabível de passar a caneta vermelha, pode-se incluir aí até a Bíblia, o Alcorão, Cabala, Mantras etc. ok?! Só pra barbarizar logo! 

     
     É de um descalabro incomensurável, um tiro no próprio pé. Sinto uma lástima inestimável, que o conselho que está construído em bases democráticas, faça um papel oposto ao seu.
Nós, cidadãos escritores e artistas ou não, temos de fazer/participar de campanhas contrárias à esta censura descabida, ou então arranquem os pintos e cubram com folhas as xerecas de estátuas e de quadros, como já fizeram no passado, incluindo aí esta opinião manifesta neste blog.




     Convido então ao leitor deste blog que participe de um abaixo assinado eletrônico que será encaminhado ao Ministro da Educação, clique aqui e participe.
      Caso queira ler a notícia do CNE, clique aqui

sábado, 30 de outubro de 2010

Sábado Ensolarado




Há dias em que sua cor resplandece
Em meio à indolência da tarde de um sábado;
Mesmo um suave cansaço, me apetece,
Amor que cresce no seco cerrado.

Há dias em que sua cor esmaece;
Larga-se feliz na colcha do amado;
Justa preguiça plácida bem doce
Como orvalho na folia de um sábado.

Vamo-nos, formosura, para o dia
Encantar o gorjear da cotovia,
Amassando de amor nosso lençol.

Apaixonados com a esperança em prol,
No sentimento de novata cria;
Sons agudos no sábado com Sol.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Linha de chegada

A linha de chegada
A fita
Parte
Se
Você
Partir
Sem me contar dos
Seus quês
Por quês
E quês
Que?
Se
É!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sobre o Amor




REPUBLICAÇÃO DE JUNHO DE 2009


Das partes que me constroem
O amor é o que mais me confunde.

Fala-se tanto,
Escreve-se muito.

Não consigo encontrar seu significado
Nem em fala, nem em escrita, em qualquer lado.

Mergulhei ao fundo do mar,
Viajei ao fim do mundo,
Escalei os Andes,
Penetrei na Amazônia.

Nada!

Conversei com indígenas,
Absorvi conhecimento acadêmico,
Encontrei a terapia,
Esbaldei-me no empirismo.

Nada!

Fui ao passado, presente e futuro...
Questionei oráculos e líderes comunitários.

Todos sabiam o que era o amor,
Mas não me encontrei nesses significados.

Amor, define-se como um sentimento?
Amor, metáfora de uma batida de coração?
Amor, realidade fantasiosa de poemas piegas?
Amor, objeto de busca incessante no outro?

Sabor de que existem então diversos
Não há um amor
Talvez sim amores
Em mim, nada, ou tudo!


Café com Cigarros


Ingenuidade em goles de café,
Celular receptor brota do plasma,
Desempenho aumentado com tal calma
Que rápido vicia aos pós de fé.

Jogadas ao chão pelos pais, as Guimbas
Viram farra e alegria da criançada
Fumando às escondidas, pernas bambas;
Hábito reforçado da moçada.

O corpo cobra o vício a confirmar,
Metabólitos em vasos entopem
O sangue; com o fumo se deve parar.

Fugaz e sem silêncio, passam bem
Cigarros com café, deve-se largar
Ou a eles se entregar e à morte também.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Pétalas de Rosa

Sim, mostra o teu sorriso pro doente,
A lata de cerveja dá gelada
A recompensa sórdida aguardada;
Os dedos salientes pela fronte.

O óleo da fritura do domingo,
Ébrio, passeava a mão gordurosa
Na vagina da filha dele: Rosa;
Carne assada deleita o inimigo.

Deveria existir algo além dali;
Criança, Rosa era pura e impoluta,
Suja pelo doente pai javali.

Sonhos esfacelados de uma puta,
Quando saltou daquela vida ali
Anjos a aliviaram, pobre morta.



sábado, 23 de outubro de 2010

Paixão


Fotografia de Alex Melo, todos os direitos reservados


Paixão carpogenética permeia;
Gorjeia o canto farto do rouxinol,
Solta a química grossa do estradiol:
Amálgama confuso serpenteia.

Musa constrangedora presenteia
O ser apaixonado preso ao anzol,
Firme na alma algemada pelo sol;
Um ou dois, dois ou um a paixão freia.

Se é algo puramente biológico;
Somente sutilezas, pobre mente;
Aos dois ou ao um, não é nada lógico.

Conhecer o motivo do descrente
Some a beleza pelo dado histórico;
Resta se entregar, sim, completamente.



sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Primeiro gozo


Primeiro
            Encontro
                        Carnal
            Jovem
                        Casal
Desmascara

Vai
Vem
Gozo

Cigarros
            Acessos
                        Fatal
            Começo
Afinal

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Otimismo (?)




Beijo no queixo
Queixo partido

Cicatrizes contem sonhos
Feridas incentivam fantasias

Desde quando te vi
O beijo que trocamos
O sexo latente
O desejo crescente

Muito de sonho e fantasia
Esbarram em cicatrizes e feridas

Desde quando chegaste
E eu te estendi minha mão
Os abraços apertados
Nos braços fartos da paixão.

O Tempo parou acelerado
Enquanto a morte não vem

Pessimismo, otimismo
Cinismo a lembrar
O passado de sempre
Há de ser diferente.

Esperança no Amor
Construído farto!


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

voo





Os sonhos foram os primeiros
Os fios de marionete os derradeiros

Filme registrado rápido passado
Na frente da mente demente

Até esfacelar suas pulgas no solo
Artrópodes em pensamentos de dolo

Choro não se ouve, grito não se escuta
Dor não se sente, palavra não é injusta

Voo preciso, cérebro retorcido
Neurônios debatendo-se como peixes

Sinapses em diminutos arrotos
Acabam, Tum, Tum, junto com a batida

Vítima da depressão
Ou apenas um vilão?



domingo, 17 de outubro de 2010

Descaminho

Sangue na derme
Cortada por verme

Escorre fugaz
A vida se esvai

Larvas ácidas
Escalpo suturado

Veneno, voo, tédio, vacina, sina

Fantasmas em correntes por eras
Distorcem a visão das feras

Magrelas esquálidas
Pulso na pulseira
Que cai da cadeira

Sim, não, sim, não

Talvez?

Reminiscências
Reticentes

Exclamações
Dementes

Vulto
Doente

Doi
Doi
Doi
Doi

Foi! 

O reverso do espelho







Aquele rosto recém tirado de enorme sanduíche
Maionese e outros molhos grudados
A guloseima segura com as duas mãos
Num prazer que se traduzia no sorriso dos olhos.

E o olhar apertou-se mais ainda num sorrir encantador.
Aquele conjunto paralisado e eternizado em minha mente
Trazia calafrios junto a inumeráveis desejos imediatistas
Traduzidos no sublime acalento de uma ópera divina.

Segundos se tornaram horas e até dias
Num furacão de química e reflexão.
Existe amor a primeira vista?
A primeira indagação àquela visão.

A maionese, o prazer ao comer, o olhar, as mãos
Aquele universo a desvendar bem à minha frente
A poucos passos, que a cada um, aumentava a aflição
As batidas do coração pareciam vir da boca, estupor.

O medo aparece, junto ao vazio da existência
A carência da solteirice martelando, confuso
Era aquilo realidade, ou meu espelho distorcido?
Não seria carência, e sim completa experiência.

Faltavam poucos passos para a troca de olhares
O suor na testa, a dor no estômago, temperaturas alteradas
E eu na mesma direção com toneladas aos pés,
A insegurança começava a surgir, será que seria reconhecido?

Mais uma abocanhada naquele enorme e gorduroso pão
O rosto mais lambuzado e aquele olhar, sem me ver
Que burilava alegre alheio aos outros, a linda face
Coberta de maionese não se importava, eu sim.

Ficava mais animado, encontraria um ser humano enfim
Tal qual num espelho, os passos mais rápidos e a confiança
De volta numa fração incalculável, eu já sorria
Chego à mesa, nossos olhares são reconhecidos.

Sentei, conversei, não falei da face melada, diamante bruto
O olhar retribuído, os sorrisos também, algo estava para acontecer
E prenunciava alegria corroborada com o profundo olhar
De um no outro. Polaróide urbana, mais um casal na grande cidade.

E pra saber quem reflete quem, espelhos de encontros
Nem o tempo dirá, pois aquele foi o tempo, mágico e real
Dos dois que se amaram em olhar pra dentro de si
E encontrar-se no sorriso do outro, só!

Chegara a minha vez de melar o meu rosto com maionese.



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ruim

Republicação pois cabe no momento presente durante a campanha eleitoral à presidência do Brasil, segundo turno


A discussão entre o bem e o mal,
O ruim e o bom adentram séculos,
Permeia as fantasias que buscam
Comprovar a sua tese.

Dicotomia perigosa e fatal
A levantar guerras por binóculos
E dentro de seu lar que o amedrontam.
Genocídios corroborados em síntese.

Se o bem ou o mal existem de fato,
Pouco importa a quem se afeta.
Se o bom ou o ruim atingem o gato,
Vale ao mesmo saber de sua rabota.

Conjugar verbos de extermínio
O homem sempre soube fazer
Por conta do desrespeito à diferença
Em nome do bem ou do mal.

O soldado é tão obtuso e exímio,
Quanto o general de estrelas a cozer
Como a alma assustada nesta dança
Mórbida que não acompanha gestual.

Paz na Terra, dizem muitos,
E são justamente os que apedrejam
Em suas ideologias ridículas
Pobreza de reflexões realistas.

Um dia a Natureza cobrará seus frutos,
Não importando o lado de onde estejam
Serão todos destruídos como cutículas
Removidas de unhas adoecidas.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Retalhos de poetas

desenho em giz, lápis e guache em papel canson - autoria de Cristiano Melo em 2007


Poema dedicado à escritora e editora Letícia L Coelho




As formigas caminham ou pateiam?
Com suas funções distintas desde larva
Ajuntam o que é necessário para a sua aldeia
Colméia ou formigueiro, agrupamento social

Das velhas e novas estórias brotam sabedorias
O sol que levanta ao horizonte
É o mesmo que se põe em doze latitudes

Queria ser um tanto mais melancólico
Tecer uma teia como um ser diabólico
Que espreita sua presa mesmo que não apareça
E viver do sonho em que a presa me cairá na rede

Amigos poetas sempre nos inspiram
Escrevem, comentam e falam
Ricas frases que cada uma daria um conto

Retalhos poéticos que constroem um poema
Esquizofrênico em fora de contexto
Lúcido quando contextualizado, tal qual
As formigas imbuídas no que nasceram pra ser

O tic tac do relógio martela alto na cabeça do poeta
A idade avança, só o que se perde é o Tempo
Nada, além disso, é perdido, nem ganhado

Se um dia eu sou feliz, noutro aborrecido
Não me conduz a um estado bipolar
Mas sim a vida que é multipolar
Enquanto é amanhecer para uns, é entardecer para outros

Do alto do píncaro mais íngreme
Grita-se a busca do eco,
Como a aranha que aguarda

Pira, não pira, pira, não pira
Só respira!
Pira, não pira, pira, não pira
Só se atira!

Talvez não haja, finalmente, sentido em escrever
Se não há ninguém pra ler
Ou a formiga se transforma em borboleta

Transformações são um privilégio para loucos
A arte como uma expressão da loucura do ser
Transpira a alma imaculada, por entre poros podres
E pinga suores em letras disformes, poema retalhado.


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Dor que não se explica

Poema transformado em soneto com o título "Depressão"




É uma dor na alma desconhecida
Humano algum consegue explicar
Nem o especialista mais perspicaz
Ou a espiritualista mais lida.

Da beirada do penhasco farto
Abismo que espreita como animal,
Cedro frondoso com raízes grato
Fenece à trepadeira bestial.

Consome a alma em derradeiro sopro
Leva o mais forte ao pulo implacável
Ao pote de tóxico o mais fraco.

Robótico lobotomizado
É ser para a sociedade viável
Funcional sem dor hoje saudável.



domingo, 10 de outubro de 2010

Naquela Noite

Ontem puxaram meu pé enquanto dormia. Não consegui mexer um músculo, devido ao sono pesado e àquela pizza inteira devorada antes de deitar. Mas a puxada, que já passava a me tirar da minha posição na cama, ficava cada vez mais forte, junto com o latido do cachorro do vizinho. Meu estômago, abarrotado de calabresas, balançava o suco ácido em suas paredes, como num navio fechado sem janelas em meio a uma tormenta.

Pararam de me sacudir e agora eram lambidas, sim lambiam o meu pé. Engraçado perceber que era lambido de verdade, e que não era um sonho, sem conseguir acordar, engraçado e estranho, pois algo começava a aumentar de volume no meu abdômen. Gases formados com os balanços ensaiavam jatos de vômitos, junto a uma vã tentativa do esfíncter estomacal de barrar o gêiser em ebulição.

Acordei vomitando pedaços de pizza misturados ao azedo do suco gástrico. Por pouco não engasgava ali mesmo, sozinho no apartamento, mais uma manchete de jornal em uns dias, quando a empregada abrisse a porta e encontrasse o corpo inchado em cima de vômito seco.

Passei a mão na boca melada, e o nojo da situação trouxe mais jatos de agonia. Acho que se havia passado uma eternidade, do acordar ao parar de vomitar, mas ainda era noite, nada de eterno ali, a não ser a dor no alto da barriga que parecia se tornar perene, quando consigo olhar ao redor da cama, tudo em seu lugar, envolto no escuro da noite encandeada pela iluminação pública que entrava pela fresta da persiana vomitada. Nada.

Meio gente, meio bicho, meio zumbi, procurei pelo interruptor na parede, e não encontrava, apenas consegui tropeçar no criado-mudo ao lado da cama e escorregar no viscoso chão vomitado. Voltei a dormir, desmaiado. Ao cabo de um tempo indeterminado, pois a situação se tornara mais que estranha, as puxadas no pé, passaram para as mãos e as lambidas para o rosto.

Não pensava mais em nada além de querer acordar e me levantar para entender quem ou o que estava ali comigo, além do vômito e minha dor, que passara da barriga para a cabeça, junto a um fio fino de sangue que escorria do corte na altura da glabela.

Tentei acordar, ontem, quando minha cachorra intuitivamente me puxou com mordidas, devido ao barulho que eu emitia no começo da noite. Procurei não dormir, enquanto as lambidas dela tentavam me animar, mas já era tarde. E, quando a empregada abriu a porta, cinco dias depois, o cheiro forte que incomodava os vizinhos foi detectado com o meu corpo ali, inchado em cima de líquidos secos, e minha cadela que continuava ao meu lado a me lamber. 


Resenha do livro Braços Abertos





"Inteligente, fácil e leve de ler. O livro Braços Abertos de Cristiano Melo pode ser definido dessa forma. Composto por 10 contos e 40 poesias, a obra editada pela Novitas, prima pela simplicidade. A primeira parte traz os contos que são bastante interessantes, principalmente pelo fato de haver neles um toque de cumplicidade do narrador com os personagens. Em As Musas, o modo como as personagens são descritas revela um narrador que conhece bem cada uma delas.

Entre os contos, é bom destacar Água com Gás, As Musas e Estado Civil. As três histórias são leves e muito interessantes. Mesmo quando os momentos são um pouco tristes, Melo faz com as palavras um trocadilho perfeito para chegar a um final surpreendente.

Outro ponto do livro são as poesias. Cristiano consegue passar pelos mais   variados temas e colocá-los na ponta do lápis de forma sutil e inteligente. O destaque fica para A Raiva em que o autor foi capaz de demonstrar a fúria que o envolvia, e brincar com as palavras em uma ciranda que culmina em uma simples palavra.

Assim, Braços Abertos é aquele livro para ser lido em uma tarde de domingo, em uma manhã de sábado ou a qualquer hora. Pode-se lê-lo de uma vez só ou apenas um conto por dia, uma poesia por hora... Uma coisa é certa: o leitor ficará bastante satisfeito."



Andrea Lúcia Barros é jornalista especializada em crítica Literária.

sábado, 9 de outubro de 2010

Da sacada


Fotografia de Alex Melo, todos os direitos reservados


Com a participação de Saulo Almeida no último terceto




Da sacada, vejo os transeuntes
Tagarelices e gestos frívolos
Escondem sua solidão antes
Que a morte desperte a foice, tolos!

Adornados com as máscaras duras
Usufruto conseguido da sorte
Couraças presas em perucas
Ricas ou pobres, guardada morte.

Desde o pulo daquela sacada,
Morri para o costumeiro dado
Rolado pelo Tempo sem fada.

Nascimento urge em silêncio tato
Moscas vis-à-vis o nauseabundo
Fantoche cego mundano em vida. 




sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Você é de...







-Você é de direita!
-Você é de esquerda!
-Claro, eu sou a mão esquerda.
-E eu a mão direita, e o ser é destro.
-O ser é coletivo.
-Não lhe disseram que isso é passado?
-O coletivo não morre.
-Nem o individual e a sua livre iniciativa.
-Sua mão reaça!
-Ora, sua mão esquerdista, terrorista!

A Cabeça:
-Que é isso mãos, parem de brigar
-Foi ela que começou.
-Não foi ela.

As mãos direita e esquerda começaram uma guerra e o corpo não conseguiu separá-las, a cabeça assistiu a tudo sem dizer mais nada, as pernas não iam nem vinham e o ser ficou ali, paralisado, enquanto a direita e a esquerda travaram uma batalha que não levava a lugar algum, só à imobilidade.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bela - distintas realidades

Fotografia de Alex Melo, todos os direitos reservados




A beleza que posso encontrar em teus olhos
É a feiúra que o teu marido vê ao deitar

O sonho que teu filho traz com o desenho
É o receio que este sente em não te agradar

O poema bem escrito que tu pensas ter feito
É a estranheza que o leitor consegue captar

Tuas notas ao violino acariciam os anjos
Enquanto desagrada o vizinho pagodeiro

Sim, vês? Tu és, sim, sem dúvidas
A beleza em olhar, sentir, escrever, tocar e tantos mais

Para mim, és a pura beleza, estátua grega
Que a ignorância macula e corta, aniquilando tua alma

Continue forte em tua essência, não sucumbas
Às diferentes realidades, completas verdades zaroias

Cada um vê com o olho que tem, com a catarata merecida
Mas a tua beleza, a tua arte, há de ser perene ao tempo, querida

Erga a cabeça quando te cortarem na cela da tortura
É lá que enfrentarás a tua própria realidade, postura

Defenda tua própria prole, guerreira cotidiana
O oráculo só te traz a sorte dele, não a tua

Caso pereças minha deusa da beleza divina
O homem simplesmente desaparecerá da terra

Com o olho que não vê a realidade distinta
É a merda que o cobrirá de vez por própria sina.
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