quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Canção da repetição

A repetição, a repetição...

Ativa negação,

Passiva relação e tantos “ãos”

Faz nascer esta canção.


Não, eu não quero seu peito

Sem leite para chupar veneno.


Não, eu não quero seu colo

Com espinhos para furar meu lenho.


Não, eu não quero sua culpa

Disfarçada de remorso cristão.


Repete anda repete

Caminha repele caminha


Choca o ovo da serpente

Aduba a erva daninha.


Acredita, é verdade, de tanto repetir

Que a realidade não vai lhe tocar.


Sim, as escolhas foram feitas

No chapisco do muro de cimento.


Sim, a cama foi desfeita

No momento da brecha pela fechadura.


Repete anda repete

Sem caminho anda e repete


Repete, anda!

E acredita na sua verdade.

Louca e demente realidade,

A mentira é a verdade.


Pura e simples,

Dura e simples.


Duelo da canção

Quem tem razão?

Realidade ou verdade?!

Acredite no que lhe couber.


Cristiano Melo, 28 de Outubro de 2009.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Poema desperto

Curvas ciliares apertam os olhos do escritor

A nicotina e a cafeína dão o contraponto

Sono que vem com peso desmedido

Palavras soltas na sonolência indolente.


Qual soldado desperto no fronte

Não se subjuga ao sono desperto

Escreve mais uma linha sem sentido

Um poema sai neste estupor.


“Quero a rosa mais bonita”,

“O amor é uma coisa doce”,

“A Lua sobe no horizonte”,

“Não posso viver sem você”.


Quando irá despertar desta soniloquencia?

Ó poeta da masmorra em chamas?

O fogo sobe rápido sem árbitro

E você num débil sono profundo.


Acorde!


Cristiano Melo, 22 de Outubro de 2009.


quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Surto

Surto,

Surtas,

Surtimos?


Surtir,

Surto,

Sorte?


Surtado!


Cristiano Melo, Outubro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Revista Cultural Novitas 2


Já está disponível a segunda edição da Revista Cultural Novitas.



Participam dessa edição:

David Nóbrega - opinião - A cultura do paliativo
Daliana Cascudo Roberti Leite - ensaio - Luís da Câmara Cascudo: Um provinciano incurável
Banda Back - música - História da banda por Thiago
- Poesia -
Leonardo Schabbaci - Humanidade
Cezarina Caruso - Último ato
José Fernando - Vadia
Alexandre Câmara - Um gosto de ânsia na boca
Anna Ribeiro - Noite
Rosemari - Cálice Derramado
David Nobrega - Só
Marcos de Andrade - Porque é natal
Eduardo Manciolli - Desespero
Joe Brazuca - Acróstico do boi premonitório
Hercília Fernandes - Falácias de amor

Douglas Zimmermann - cartoon & cia
Matheus Costa - na tela - Os "intelectuais querem a crise na televisão e teledramaturgia
- Contos, Prosas e Crônicas -
Ricardo Porto - O auto do padre Antônio
Tatiana Cavalcanti - Eu queria mais uma chance
Flávia Brito - (A) Parte
Madalena Barranco - O mirante dos aviões
Alex Sens - HI-FI
Cristiano Melo - Teodora
Lú Cavuchioli - De cimento e sangue

- Entrevistas -

- Bartolomeu Campos de Queirós
- Grace Olsson

- No twitter da editora -

@mariliamonteiro , @microcontoscos , @CharlesHenrique , @lipevivas , @matesca , @manciolli , @VeraLuciaDutra
@carolzita_eu , @zeroig , @denisonmendes , @Peagalves , @gustavocarmo , @caiocito , @bia_martinss , @vanluchi
@janlamour , @christianoMJ , @gloriadioge , @eryroberto , @prosapolitica

Isiara Caruso - viagem - Um Passeio em Buenos Aires

sábado, 17 de outubro de 2009

No Mural do Escritor do Empório Literário


É com imensa alegria que a divulgação de meu livro começa a aparecer.
A Lu e a Rosi, gentilmente me colocaram em seu espaço "MURAL DO ESCRITOR", do blog "Empório do Café Literário", espaço cada vez mais consolidado onde se trocam informações e conteúdos de escritores.

Muito obrigado!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Saudade

Morder o lábio cor de rubi

Com o perolado dos dentes

Na hora em que você partia...


Leve dor que divide

A alegria da incerta saudade.


Sorrir por entre selos

De sorriso apertado e amarelo

Na hora em que você partiu...


Alegre calor que invade

A dor da certa saudade.



Cristiano Melo, 15 de Outubro de 2009.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

BRAÇOS ABERTOS - EM BREVE






É com grande alegria que mostro o primeiro layout do meu primeiro livro em versos e prosas que publico sozinho. Compartilho com vocês meus amigos, leitores e inimigos (claro que não me esqueço de ninguém)...rs. É para e por todos vocês que minha inspiração me faz escrever e então um MUITO OBRIGADO a todos.
O livro estará pronto em breve e, tão logo me organize, farei lançamentos em algumas cidades, desde já digo as que pretendo, fora outras que ainda posso receber convites...hehe. Brasília-DF, São Paulo-SP, Eunápolis-BA, Alto Paraíso-GO, Goiânia-GO, Belo Horizonte-MG e talvez Porto Alegre-RS.

Um agradecimento todo especial à paciencia de meus editores David e Tita da Editora Novitas e a Bea, minha amiga que me deu a honra de escrever a contracapa, a vocês meu MUITO OBRIGADO especial....

A BRAÇOS ABERTOS

Lançamento da II Coletânea SCRIPTUS


A Editora Novitas lança ainda neste mês, ou no começo de Novembro de 2009, a sua segunda coletânea em verso e prosa de quinze autores, da qual tenho a honra de participar, vejam mais sobre o livro no site da editora e logo logo estarão à venda para os leitores.

Obrigado

Cristiano Melo

Tecidos da vida

Para o dia das crianças

Tecido carmim,

Linho engomado,

Sonho engolfado.


Boneca quebrada arranha

A aranha do vil cetim

Guardada na recordação.


Cama abandonada, desfalecida

Viva e morta

A criança chora.



Cristiano Melo, 12 de Outubro de 2009.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sparkles

Did you ever see the light?

the same sparkle that came of your eyes

when i look at them right?!


L'amour explain these keyes

or simply destroy real truth

that love is not a simple game.


Look in the mirror and sees his face?

then watch closer, what do you see?

some glimpses from your soul child, blinking...


The world is bigger then that skill

is true in this, my litlle child?

you tell me, and i can create a shield.


Love is nothing, hate so little.

only reality is esteem built.

by yourself, mire the mirror and see...

glimpse sparkles at light.


It's you, no one else,

just you light's eyes.

Cansaço

Primeira tentativa de um poema em outra língua

I'm tired
grass gray
what capped.

Path through thorns
released by elves
do not stop his ways.

Yes, tired, very tired
man and woman patient
does not think the other side.

Hikers wander down the same path
there is no plan for a world
without realizing the weed
that springs from his innermost fund.

I'm tired
and only!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Pensamentos


―Estive pensando...

―No gerúndio?

―Não seu crítico chato!

―Desculpa, diga.

―Não consigo parar de pensar...

―Lá vem...

―Eu queria tanto parar de pensar.

―Então para, ué?!

―Mas não consigo, o pensamento fica aqui, girando, girando...

―Gerundiando?

―Humpf!

―Desculpa, desculpa, continue...

―Se eu parasse de pensar, se pelo menos não ficasse circular assim.

―Seu problema é que você pensa muito.

―Mas não é disto que estamos falando?

―...

―E não me corte com essa de gerúndio...

―Ok, ficarei escutando!

―Pois sim, seu chato, fico aqui rodando o pensamento e não chego a lugar algum.

―Não disse que você pensa muito?

―Entenda, não é pensar muito, é pensar a mesma coisa...

―Ah!

―Assim eu poderia retomar a minha vida, sabe?!

―Sei.

―Poderia voltar a fazer as coisas que gosto e não ficar aqui paralisado conversando com...

―Com quem?

―Comigo mesmo.

―Mas não somos a melhor companhia?!

―E há jeito?

―Não, só se você parasse de pensar um pouquinho...

―Tá vendo!

―O quê?

―Preciso parar pra continuar.

―Mas se parar, não para?

―Não, se eu parar de pensar, eu vou pra onde quiser.

―Quer tentar?

―Quero.

―Então comece!

...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Teodora

REPUBLICAÇÃO

Afugentava demônios da cabeça, como quem espanta mosquitos de uma ferida. Há algum tempo, desde que Teodora lhe deixara, ficava às voltas com pensamentos e lágrimas. O apartamento agora um tanto bagunçado, mas mais vazio, lhe trazia a realidade da falta. Falta de Teodora, ou do que ela representava dentro dele, “será que amamos uma pessoa em particular, ou é algo interno que imputa o sentimento a quem quer que ocupe tal local?” divagava pelado andando pelo apartamento em ruínas. “Local... Ruínas... Amor... Te-teodora...” Fincavam os pensamentos como estacas no seu cérebro, mais círculos a mais, rodopios dos demônios-mosquitos em cima da ferida, e refletia um pouco mais: “pensava que a ferida de uma separação seria no coração e não na cabeça, mas estes mosquitos, piolhos, vermes, estão presos é na minha cabeça, será que o coração é a cabeça?”. Zonzo, não pelas espirais de pensares, mas da cachaça mineira que tomava gelada, e que já estava na segunda garrafa, em meio a um remedinho aqui, outro ali, zanzava como os seus pensamentos piolhos, “devo ser um inseto, Teodora me deixou porque sou um inseto!” afirmava isto com o dedo em riste para cima enquanto sentava no sofá verde-água “detesto esta cor de merda, cor fresca, nem a cor de meus móveis pude escolher, era tudo Téo, Téo, Téo... Teooooooooô, volta pra mim, volta, prometo que gosto de verde”, gritava baixinho para não incomodar os vizinhos “Téo!” e nenhuma resposta, nem uma companhia, além dos seres na sua cabeça. “Anjos ou demônios? Mosquitos ou piolhos? Saiam daqui, me deixem parar de pensar, porra, me deixem e quem sabe a Téo volte, vocês é que a assustaram, suas vozes que ficam aqui dentro.”, e se encaminhava para a porta numa tentativa de fugir de si. Quase chegava nela, na porta, depois de tropeçar no resto de móveis do apartamento arruinado, quando ouvira alguém bater à porta: “Téo”? Perguntaram do corredor do outro lado da porta. “Teodora?” repetiram. Téo respondeu com uma voz afeminada: “espera um pouco!”. Voltou pelo mesmo lugar bagunçado, agora tinha mais mobília e já adorava o sofá verde, foi ao quarto, pôs uma peruca negra corte Chanel, um robe de seda com estampa asiática, um par de chinelos em formato de coelho e foi ter à porta. “Quem é?”, perguntou. “Sou eu”, uma voz grave respondeu. “Volte mais tarde, estou ocupada...”, tentando se equilibrar apoiado na parede. “Mas eu te amo!!!”, a voz assumia algo de doçura. “Você sabe matar piolho?”, perguntou Teodora.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Do you believe in God?

A árvore junta sangue da veia
Corpo estirado, pistola fumegante
Sujeito e objeto do verbo matar e morrer,
Grades guardam o sujeito que encontra a Palavra!

A Palavra salva, o sujeito sorri
Não matou nem o objeto morreu
O pastor e o bispo lhe asseguram
Deus é clemente, peça perdão!

O traficante e consumidor
Da dor do crack e merla
Acredita em Deus, "Ele vai me redimir"
Depois da última tragada, a última...

Pedófilos culpam o moralismo
É apenas modismo da sociedade,
Deus está na sua cabeça e vítima
Abuso só o de não crer, Deus é pai!

Sujeitos, objetos e a Palavra,
amálgamas de um moralismo endeusado
Deus é mais, é pai e perdoa tudo!
E você?!
Do you believe in God?


Cristiano Melo, 01 de Outubro de 2009.
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