quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Prateleira - amores solúveis





REPUBLICAÇÃO


Devastado na prateleira de um açougue
A formação romântica distorce a realidade
Busca frenética pra aliviar a solidão
Exposto na boutique de carnes inválidas.

Não se pode ser feliz sem estar entregue
Não se vive solitário, pura vaidade
Sentimentos torpes que não passam pelo coração
E a bunda na janela pra mãos sórdidas.

Inadequado e assustado
Dir-se-ia alma penada

Hipócrita e desleixado
Falar-se-ia carne condenada

Escolhas diversas,
Inúmeras oportunidades,
Humano engarrafado
Pasteurizado na prateleira.

Romper com o marasmo aprendido
De se apaixonar para viver
Pois estar só é o mesmo que morto
Garantir-se-ia um lampejo de consciência.

Escolhido e encolhido
Feliz e fodido...

Ou se enxerga como ser que é,
Ou pereça como carne na prateleira
Coberta de moscas esfomeadas
E o romantismo não lhe salva a alma.

Seja,
Esteja,
Só.

O coração clama
Entregue-se a ele,
Pois ninguém lhe leva flores
Além de você mesmo!
Os românticos são estéreis de sentimento.


Cristiano Melo, 14 de Maio de 2009.

4 comentários:

  1. Um dos melhores poemas seus que já li.A 'imagética' tão rica!acho que a modernidade é mesmo uma colagem da influência com o inconsciente e o imaginário.
    Um grande abraço.

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  2. Grande J.
    Tão bom vê-lo por aqui. Falou e disse um letrado (rs)
    Obrigado, também gosto desse poema,com minhas palavras jogadas na cara "calmamente"rs
    Abração

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  3. Como sopa com pimenta num dia frio de inverno.

    Grande abraço.

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  4. Caro Edu,

    Gostei da metáfora!
    Seja bem vindo e agradeço a leitura e comentário

    abraços

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