quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Integra-ação




I

Integrar
a entrega de si
sonho de viver em contraponto afinado
d’um sublime
maestro
seria imagem concreta
acaso o ocaso iminente
não emergisse no horizonte.


II

constrói.
destrói.
espelho 
sonoro 
cru 
humano.
adiante ao tempo
balança pende para a devastação
cada vez mais ligeiro.
voraz.


III

inocentes
figuram desfigurados
moribundos
ao relento do ponteiro
nem saberia ousar conhecer
d’onde veio o âmbar ácido
a corroer seu sagrado interior


IV

porquanto
a sinfonia desanda
um instrumento não se acerta 
ao passo da orquestra
seja por ação delinquente
de língua quente
ou omissão pelo silêncio
na hora da nota.


V

mais pra lá.
menos pra cá.


VI

a beleza que houvera
cede aos tropeços
d’um após o outro
até o ponto
d’onde o contraponto
desanda das mãos do maestro
numa horrenda imagem dolorosa.


VII

alucinar que ainda há tempo
é o último fôlego
do mestre 
mesmo naquela aflição
em continuar 
pois
sem esta esperança
não poderia almejar
a volta
da melodia primordial.


VIII

nesta derradeira tentativa
baila sua batuta
qual varinha mágica
faíscas de musas a reger
os músicos
ainda alienados
dormentes
com notas mudas
desafinadas.


IX

o milagre de sonhar traz
integração
capaz de mudar
trazer a harmonia de volta.


X

a plateia ouve aliviada:
Paz.


2 comentários:

  1. E de braços abertos nos recebe a nós teus amigos (as) que te amam...e te aplaudimos com louvor querido amigo poeta!Mais uma obra belíssima, bem escrita, sensível, transparente, talentosa como só os grandes poetas podem escreve-la....uma verdadeira joia!

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    Respostas
    1. Amigos e Poetas, escritores e leitores. Poeta amiga, minha gratidão às suas palavras. Eis mais que bem recebida de Braços Abertos.

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