sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Apartamento

Vago pelo apartamento vazio
Feito alma penada
Com pesos acorrentados aos pés
Nus de um homem sem carne.

Desde que partiste,
A mobília ainda paira ao ar
Descompassos nos passos levitados
De alma penada.

Já fui um ser, sabes?
Já andei pelo chão,
Com a mobília no lugar.
E tudo o mais que segue.

Hoje recebo flores de papelão
Feitas por duendes disformes,
Meus únicos companheiros,
Que me oferecem comida envenenada.

Já fui um homem com carne e osso,
Já tive amores e dissabores,
Já ardi de paixão e raiva
Todos aqueles sentimentos.

Hoje não passo desta forma amorfa
Assombrando o apartamento
Que um dia foi nosso
E hoje é o meu caixão.

Cristiano Melo, 25 de Fevereiro de 2009.

3 comentários:

  1. Vazio nada! O apartamento está cheio de uma ausência necessária para que novas presenças se instalem.
    Xôoooooo

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  2. Xõôooooooo, vaza!!!!
    E uanto a novas presenças só as ods amores de meus queridos amigos.
    beijos

    ResponderExcluir
  3. Olá Cristiano:
    Bela poesia... Você escreve muito bem... Belo estilo. Despretensioso e simples como deve ser a poesia!
    Abraço, bom final de semana

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