sexta-feira, 3 de abril de 2009

Uma Estória Real

Fui furtado, durante um sequestro sem armas,
Sofri abusos de várias maneiras, enquanto tinha dinheiro.
O limite de meu saque eletrônico e o que tinha em bagagem,
Foi a minha soltura, após dez horas, sem arma aparente.

O que se falava e se mostrava era o que me mantinha,
Grávidas fumando crack, mulheres chorando de medo,
Homens violentos, ameaças verbais,
Um inferno dantesco e eu paralisado, sendo furtado.

Talvez nunca entenda os motivos que me deixaram ficar preso,
Talvez eu quisesse pagar o bilhete para ver o inferno,
Ou simplesmente ser plateia de teatro tão bem encenado
Que pessoas com um pouco de culpa, se deixam ser levados.

Eu fui conduzido por uma morena, ao inferno na terra,
Tive de pagar para sair, não para entrar,
Tive de me aguentar e sorrir, para não apanhar
Assistir à barbárie humana,

E eu que pensava que tinha dias difíceis,
Hoje olho para minhas cicatrizes na pele...
O que se poderia fazer diferente?
Como se pode ajudar àquelas pessoas no inferno?

Síndrome de Estocolmo?
Ou sentimento de culpa pela vida que levo
E que tentaram levar, e não deixei?!
Fui furtado, sequestrado, abusado, mas solto.

E, as marcas de tudo isto, carregarei em silêncio
Com uma pergunta muito simples:
Por que?
(silêncio dos não inocentes)


Cristiano Melo, 03 de Abril de 2009.

4 comentários:

  1. Tantas perguntas difíceis de se responder... tantas coisas que gostaríamos que fossem diferentes... tanta inércia... tanta vergonha!

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  2. OI Max,
    Sim, tanto, tanto, tanto, tanto....
    A culpa e a vergonha são as primeiras sensações, os sentimentos então...são mais "duros" ainda. Viver numa bolha burguesa de fantasiosa segurança é tão tênue, que qualquer arranhão lhe traz à tona tanto, tanto, tanto.
    No momento ainda me curo de ciactrizes e hematomas, físicos e psíquicos, ainda não sei direito o que posso fazer, ainda estou no final do furacão, e só respiro!!!
    Que o acontecido sirva para que eu busque alternativas efetivas, qdo retornar à Brasília, e à minha ilha de segurança.
    Obrigado meu amigo

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  3. Conversamos sobre isso. E quanto e tanto. Faltou uma coisa. Por que nos deixamos levar? Por que nos colocamos como iscas pra esse tipo de pessoa? Acho que sempre que nos acontece uma coisa terrível buscamos o culpado, claro. Mas, ele está TAMBÈM em nós.
    Se conseguíssemos manter serenos, atentos, analíticos, clamos, sem voracidades e controlando , do jeito que nos for possível, nossas paixões...esse tipo de pessoa passa longe, Cris.
    E depois gosto de melembrar e aplicar ditados de minha avó do século XIX: não se deve conversar com estranhos. Bingo!

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  4. Bia,
    Conversamos muito e muito sobre tanto e isto também! Sua avó estava mais do que com a razão. O "culpado" está em nós também claro. Ação e reação! Acabei de chegar em casa, agora posso refletir melhor sobre tudo e continuar com o tudo da minha vida. Obrigado pelo carinho minha querida
    beijos

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