quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Natureza Viva


banner do filme "Shark Water" de Rob Stewart sobre a extinção dos tubarões



A ave leva no bico o início da letra
Compõe a sonora expressão da natureza
Encerra a sabedoria na pena preta.

A formiga corta o alimento do coletivo
Burburinho no caminho de encontros
Antenas tocam outras num som instintivo.

O pinguim eleva a cabeça e solta o berro
Assusta quem não conhece o tom
Identifica o par que o qualifica terno.

A baleia canta no mar aberto
Óperas de uma enorme diva
Dócil maestria de peito aberto.

Bichos e mais bichos fazem o som
A musicalidade está na natureza
E o bicho homem aperta o botão.

Quem é o animal?

Cristiano Melo, 27 de Agosto de 2009.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ciência cartesiana

Ciência cartesiana,
Do verdadeiro ou falso,
Valida uma hipótese
Torna-se um pressuposto.

Métodos e metodologia
Verdades absolutas
Criam o que não existia
Assim se torna ciência.

A racionalidade é o imperador
Do reino acéfalo de uma só mente
Não se pode pensar diferente.

Sim lhe tratam como oráculo, acadêmico sem pudor
Crianças impetuosas, julgadores do somente
O humano aguarda atônito o momento da dor.

Cristiano Melo, 24 de Agosto de 2009.

domingo, 9 de agosto de 2009

Viagens


Fadas e gnomos dançam rituais frente à fogueira
Alucinógeno de cogumelo com zabumba.
Anjos e demônios pairam na tumba
Bebida furta a percepção derradeira.

Desenhos animados brilhantes e coloridos
Baseado de maconha prensada malhada
Trismo em meio a tagarelices, dentes moídos
Pó branco cheirado pela narina sangrada.

Viagens que levam de um lugar
Para outro, que não é o mesmo
Poder-se-ia dizer sem sair e viajar.

A saúde, a violência, o menino morto a esmo,
Não afetam a viagem no jantar
O consumo, indiferente, continua o mesmo.

Cristiano Melo, 09 de Agosto de 2009.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Jangadeiro


Vela veloz leva o jangadeiro
Verdes mares do nordeste brasileiro
Guaridam suave o seu deslizar
No horizonte o sol a despontar.

Alto-mar, varas, anzóis e tarrafas.
Mar bravio, peixes, lulas e lagostas.
Irmãos, na jangada, algazarram tarefas
Meio de vida, meio de tapa nas costas.

Saem de noite, voltam com as estrelas
O trabalho queima a carne batida
A mulher e o filho aguardam a pescada.

Cultura secular, por antepassados e janelas
Aprende-se a ser jangadeiro na lida
Honra, cachaça, mulher bonita e velas.

Cristiano Melo, 07 de Agosto de 2009.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Hóspede

O hóspede a quem acolhe com respeito,
Alegre, lhe dá a própria cama, desprendido,
Acorda da embriaguez para ir ao evento
Divide a comida e a intimidade do cotidiano.

Amigos de décadas, em conversas de bares
Sempre com uma multidão, nunca em dupla.
Descortina-se a fantasia da dentada nos calcanhares,
Da jugular exposta úmida e múltipla.

Hospedar quem acha que conhece
Abrir a casa ao ser que sorri falso
O rancor lhe desfere palavras sem prece.

Dos cacos soçobrados no cadafalso
Jaz atônito o hospedeiro precoce
Pelo ataque torpe do amigo falso.

Cristiano Melo, Julho de 2009.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Demencia e Larvas ou Larvas e Demencia

Larva que vaga lenta e rapidamente
Dentro de tua mente.

Consome paciente e voraz
O pensamento audaz.

Cabeça infestada de bichos
Estimulam teus caprichos.

Escondida e visível secreção
Espalha a doente disseminação.

Contaminante, cambaleias sem rumo
Esbarras nas mesmas sem prumo.

Tiro, envenenamento, suicídio
Não é capaz de acabar o martírio.

As larvas consomem
O resto do homem.

Cristiano Melo, Agosto de 2009.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Você é de...


-Você é de direita!
-Você é de esquerda!
-Claro, eu sou a mão esquerda.
-E eu a mão direita, e o ser é destro.
-O ser é coletivo.
-Não lhe disseram que isso é passado?
-O coletivo não morre.
-Nem o individual e a sua livre iniciativa.
-Sua mão reaça!
-Ora, sua mão esquerdista, terrorista!

A Cabeça:
-Que é isso mãos, parem de brigar
-Foi ela que começou.
-Não foi ela.

As mãos direita e esquerda começaram uma guerra e o corpo não conseguiu separá-las, a cabeça assistiu a tudo sem dizer mais nada, as pernas não iam nem vinham e o ser ficou ali, paralisado, enquanto a direita e a esquerda travaram uma batalha que não levava a lugar algum, só à imobilidade.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Alma ferida

A alma está ferida,
Dilacerada pela carne,
Cortada pela raiva contida,
Brinquedos de fome.

A essência inconsciente iluminada,
Não dá luz ao boneco manipulado,
Daí o corte se dar na fonte, maculada.
Desejar o bem ao inimigo é um fardo.

Mas se queres uma alma limpa,
Saudável e em expansão,
Há de se ter esta expressão.

Dir-se-ia pura bobagem de tampa,
Perdoar a quem lhe fere o coração,
Sangra então alma, e cria a sua estampa.

Cristiano Melo, 03 de Agosto de 2009.

domingo, 2 de agosto de 2009

SELO - "Esse blog mexe com meus sentidos"


Recebi este selo do James Penido do blog Minha Literatura Agora, o selo "Esse Blog Mexe Com Meus Sentidos".
Regulamento:
1)-Indicar os 10 blogs que mexem com seus sentidos;
2)-Dizer 5 coisas que mexem com seus sentidos nesse momento;
3)-Linkar quem te deu o selo e exibir no blog.
Meus indicados são (em ordem alfabética):
1- "Angélica T. Almstadter" da Angélica
2- "Benny Franklin" do Benny
3- "Compulsão Diária" da Bea
4- "Graça Graúna" da Grauninha
5- "Ivan Cezar" do Ivan
6- "Joe Brazuca" do Joe
7- "Longitudes" da Nydia
8- "Múltiplas Realidades" da Nanda
9- "Olhos de Folha Minha" da Cíntia
10- Para todos os demais blogs que visito diariamente, e os que já foram indicados pelo J.
5 coisas que mexem com meus sentidos nesse momento:
1- alegria;
2- tristeza;
3- confiança;
4- desconfiança;
5- poesia.
Obrigado J.

sábado, 1 de agosto de 2009

Valsa de letras

Não sou
És sim
É talvez.

Talvez tenha
Sim, tens
Não tenho.

Ser o ter,
Ter o ser.

Não,
Sim,
Talvez,
Se seja e tenha algo.

Até lá,
Dancemos a valsa do indefinível.

Cristiano Melo 01 de Agosto de 2009.
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