sábado, 31 de julho de 2010

Hipertensão

Acordado após um belo sonho
Vira na cama à procura de algo
E encontra o vazio.

Desperto e um arrepio medonho
A cama era um caixão largo
O nada preenchido tardio.

Fora feliz e alegre,
Fizera bons amigos,
Tivera filhos e amante.

Quase não adoecera em febre,
Galgara facilmente cargos,
Poupara dinheiro em conta corrente.

Uma vida simples e comum.
Ser ordinário moldado à sociedade
Nada dele jazia ali, só o corpo.

Começa então a dor de um,
Depois outro e, logo, todos em paridade
Mexeram o inerte ser junto ao trapo.

Trapo em dor que viria a ser o homem,
Desconjuntado como um bebê,
Começaria a aprender a andar.

Teria mais uma chance, dada ontem
Momento em que tentara se conter,
Viveria sua própria vida, não sem sequelar:

Hipertensão!




Cristiano Melo, 01 de Agosto de 2010.

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