terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ser hermético



Inadequado e
Hermético
Percebo-me.

acreditei em ideias
Defendi-as
Com alegre ousadia.

Perceber-me inadequado
Fez-me chorar
A vida que construí.

E, se pareço amargo,
É tão somente fruto
De mim mesmo.

Fruto da árvore
Grávida de ideais,
Repleta de sementes inférteis.

O humor sarcástico
Que dantes feriu,
Agora me consome.

Triste e inadequado,
Solitário e estranho
Num ninho sem crias.

Descortinar-me,
Necessária
Inquietude vil.

Aprumar-me,
Inadequação
Impossível servil!

Alma decepada
Dilacerada em mil,
Sem linha a coser.

Respiro a amargura
Do que poderia ser
E não fui.

Inadequado!
Mundo que gira
Indiferente.

Entrego o jogo,
Penduro a chuteira,
E concluo:

Mea culpa!



2 comentários:

  1. "Alma decepada
    Dilacerada em mil,
    Sem linha a coser"... gostei demais!

    "Mea culpa" nada, o mundo anda estranho, as pessoas também, sem ética, sem sonhos, robotizadas e materialistas. "Mea culpa" dos outros que estão tornando nosso mundo e "nossa" vida numa grande droga.

    Beijos

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  2. Cris,

    Ainda bem que existe a tal licença poética. Não gostei muito do efeito deste poema no geral. E acho que por isto tenha colocado inconsciente o "mea culpa".
    E, sobre as pessoas, eu fico numa dúvida... Imagina se nos fechamos completamente?!

    beijos

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