domingo, 13 de setembro de 2009

Cuspido

Entre o dente e o lábio inferior,
Há a saliva vinda da parótida.
Misturada com as demais glândulas,
Forma-se o cuspe protetor.

O mesmo cuspe que demonstra desgosto,
Escárnio, repulsa, vergonha e horror,
É o mesmo que lubrifica partes do amor,
Carnal, vá lá, mas não sem pudor deposto.

Cuspa
Cuspa
Cuspa...

Cospe
Cospe
Cospe...

Agora, engole o cuspe salivado,
Escarrado da fétida palavra
No bruto rosto por ti untado.

Glossite carniça a puta letra,
Engolfada úvula detido
Palato mole, sim, mole enfrenta.

4 comentários:

  1. Eu acho que você é o único dentista que eu não vejo como um sádico, talvez por ser poeta, além do tudo que você já faz.

    Um abraço.

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  2. "toma um fósforo, acende teu cigarro,
    o beijo, amigo, é a véspera do escarro"
    e a saliva cuspida e escarrada,como uma secreção do corpo, templo, portanto sagrado, mesmo suja é expressão purificada: tanto que serve aos principios do amor.: lingua lingua corpo a corpo- seu poema escatol[ógico é bom: lembrou-me o eterno e o efêmero dadiva da vida humana.

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  3. A saliva também permite deliciar um bom prato
    Lubrifica o bolo alimentar
    E assim, delicio-me com versos !

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  4. Dora,
    assim eu fico todo prosa...rs, Talvez esteja mais pra masoquista que sádico, rs. Mas os dentistas pegaram esta fama por causa de alguns...hoje em dia é tão diferente!!!
    Muito obrigado por vir aqui e comentar..
    bjos

    Grande Dan,
    lembras-te bem do grande poeta... e que interpretação...adorei, "o eterno e o efêmero da vida humana"... Muito obrigado conterrâneo
    abraços

    Grande ivan,
    bem lembrado, a tal expressão "encher a boca d'água" com algo que lhe apraz... Muito bem colocado,
    obrigado
    abraços

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