quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sociedade ou pocilga?


Sociedade de porcos com dentes afiados,

Cauda alongada e patas de elefante,

Focinho empinado e pele perfumada,

Boca arregaçada em medonho sorriso.


Escarafuncham na pocilga agitados,

Hora da “xepa” e encontrar um tomate,

Estragado e podre, conservado em calda,

Tanto faz ao suídeo em seu paraíso.


Renovam seus parceiros, em transe, alucinados

Desovam o sentimento descartável do abate

Enquanto, sorrindo, desafiam a estrada.

Por um momento, antes do fio da navalha, caído.


Pensa, sou diferente, não sou porco alienado,

Meus amigos me alimentam quando não tem abacate

Afinal sou de meu gueto camarada

E não posso fugir de minha doente natureza, puído.


Cristiano Melo, 21 de Julho de 2010



8 comentários:

  1. Como diz o ditado "QUEM COM PORCOS SE MISTURA, FARELOS COME..."
    Brincadeira.
    Beijos mamãe Anunciada

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  2. Que bela comparação feita por você, realmente nossa sociedade está bem próxima ao que diz, repito o dito de sua mãe acima e mais uma vez parabéns pela bela poesia onde está sempre se superando e transmitindo coisas sensatas, belas e verdadeiras, abraços do pai...

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  3. Oi Kritz...
    Belíssimo poema onde mostra uma sociedade suja e você está de parabéns em ter a coragem e determinação de mostrar (escrever) a todos essa sujeira!!!! Beijos da cunhada que te ama muito!
    Ivany Melo

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  4. Beleza. Essa inversão, essa falta de...falta de...falta de...
    me enoja, quase morro!!!!
    a falsidade do amigo, do irmao, do marido, do namorado, do funcionário, do troco de padaria...tudo me enoja, falta deética, moral...falta de compromisso consigo mesmo, com outrem...
    falta de amor...falta de ver ao lado
    que é um semelhante...um horror!!!!
    sorry, mas é que hoje é um dia que volto a pensar que nada vale a pena qdo se quer ser mau~por ser...apenas ser...gratitamente...
    Não há gaveta e nem cofre em caixões...



    parabens Cris.

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  5. super bacana esse poema. sempre bom voltar por aqui. você como sempre pungente e ousado, hein.
    beijos.
    diana.

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  6. Cris, este seu texto traz uma tristeza e angustia que te repele. Sabemos que o mundo não tem mais chão, que a sociedade está apodrecida... e quando um tomate estragado fica próximo a outro a reação em cadeia é exponencial..., mas tente pensar que ainda existe trigo no meio do joio, mesmo que em menor
    proporção.
    Se em um campo não existir pelo menos uma boa semente ele não passa de simples terra estéril.
    Você é uma boa semente... pense nisto.
    Abraço do seu irmão.

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  7. Quanta alegria em ver novamente minha família reunida em um poema!!! dessa vez meus pais, minha irmã, irmão e cunhada:

    mãe: os ditados populares, às vezes, carregam sabedorias consolidadas e recontadas. Acho que veio bem a calhar a lembrança deste em especial. beijos

    pai: pelo menos eu tento!(risos). Nossa sociedade está/é doente, a arte neste caso é uma maneira de dar um contraponto a tudo isto. beijos

    Ny: adorei seu comentario, e vc como algumas poucas pessoas em minha vida, traz luz e ar para suportar esta sociedade tão hipócrita. mil beijos de seu eterno cunhado.

    Diana: pungente e ousado é muito para mim, vindo de uma escritora como você. Obrigado sempre maninha. beijos

    Inácio: utilizas bem as metáforas de agricultura. Concordo com você, apesar de escrever de uma maneira mais pessimista (que aliás é mais o meu estilo), sou um otimista que sacode a poeira e ainda sorri com os dentes quebrados. Forte abraço meu irmão.

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  8. Cíntia,

    você pode tudo! E suas palavras em seu comentario expressam muito bem o que sinto neste momento, só tenho a lhe agradecer pelo carinho de sempre

    beijos Diva

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