A janela aberta
Por onde entram cigarras
Faz alegre o dia
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
sábado, 10 de dezembro de 2011
Disfarces
imagem da internet, sem autoria
Porquanto a esperteza de um piolho
Engorda de tanto doce-amargo rubro
Disfarça a coceira com saliva anestésica
Entre os cabelos de sua ingênua presa.
Há afeto entre o bicho e a pele de repolho
Couro duro da cabeça vai pra dentro
Enquanto um disfarça o outro ouve música
O líquido vital é sugado pela incerteza.
Se a relação fosse de troca, olho por olho
Poder-se-ia dizer que era amor ao centro
Mas, um engordava e o outro comia mosca
Até o final da última gota sem beleza.
Ainda tentou catar o piolho
Esmagar com as unhas dos polegares de pronto
Já era tarde, desfaleceu como uma casca
Exaurida e morta, mais um cai pela realeza.
O rei piolho, farto, calma e tranquilamente busca outro
sangue.
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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Já deu
Já deu.
Esses dedos que me acompanham
As pernas que me levaram
O coração que tanto fez
O fígado que não conseguiu tanto
Era muito.
Já deu.
Esses olhos que tanto viram
A boca que tanto calou ao ver
Os dentes que quebraram a raiva
Mas ela sempre voltou
Acompanhada de remorso, culpa, tristeza e mágoa.
Era demais. Sempre foi.
Já deu.
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
3ª edição do Bookcrossing.
Espero que esta prática continue e seja mais e mais difundida, não deixe um livro fechado a alimentar traças, só para enfeitar uma "biblioteca" em sua casa, deixe-o criar vida e viajar o mundo, favorecendo a cultura, a literatura. Boa sorte a todos e parabéns pela iniciativa Luma.
Os livros foram: Uma Coletânea em versos e prosa que participei: "A Livre Escrita", meu livro "Braços Abertos" e "Para viver com poesia" de Mário Quintana.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Pregos
Nem que eu estourasse os teus miolos
Os piolhos sairiam daqui de dentro
Nem que tu estourasses os meus miolos
Teus piolhos sairiam daí de dentro
Suavizar um esmeril com uma pluma
É um bocado de tempo que se precisa
Sonhar algo leve depois de encarar o diabo
É colar com cuspe um vaso de cristal quebrado
Ver além de um muro de lixo
É enxergar com os olhos arrancados
Respirar com uma faca de mentiras entalada
É uma dor que não se pode explicar
O ser depois do “vai-te” misturado ao bolo de pesadelos
É quase uma sina de vingar-se
Não há como matar o que já está morto
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sábado, 8 de outubro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Como você lê? Meme literário com sorteio
Em comemoração aos seis anos de seu blogue "Fio de Ariadne", Vanessa Anacleto nos brinda, leitores de seu blogue com presentes: livros de autores amigos da autora, onde me enquadro com muita alegria, ao participar com o meu livro Braços Abertos.
Bem, aqui vão as minhas respostas às perguntas desta blogagem coletiva em homenagem ao Fio de Ariadne:
Bem, aqui vão as minhas respostas às perguntas desta blogagem coletiva em homenagem ao Fio de Ariadne:
Como você lê?
Praticamente deitado na
cama, mas às vezes na minha chaise de leitura (metido, né? Rs)
Prefere ler antes de dormir ou carrega o livro para
onde quer que vá?
Eu ando com livros no
carro, quarto, gaveta do consultório, trabalho etc. Não consigo ler um livro
apenas. Geralmente leio uns seis ao mesmo tempo. Pode me chamar de viciado, é o
que me considero, viciado em leitura. E, não gosto de ler antes de dormir, senão
fico acordado.
Até em esteira de academia
de ginástica, o livro está em minhas mãos. Ah, e foi um hábito que descobri
para me deixar tranquilo (pelo menos apreensivo), ao entrar em algum voo (tenho
fobia de avião).
Lê em ônibus lotado ou precisa de paz?
É melhor ler em paz, se existir
barulho onde estou, busco um local menos barulhento, e nunca tentei ler em ônibus,
até mesmo porque tem muito tempo que não ando neles. Mas recordo que quando
pegava ônibus, eu não lia, mas passava a “leitura” em minha cabeça e começava a
criar escritos e, quando chegava ao ponto, eu tinha por mania de pegar logo
papel e caneta para escrever.
Usa marcador de página, marca a orelha ou fecha sem
marcar e depois esquece onde estava?
Eu uso tudo isto, às vezes
o livro fica parecendo uma zona de guerra, pois coloco marcadores em páginas
que quero retornar ao terminá-lo.
Lê no parque, no restaurante, na sala de espera do dentista?
Como disse antes, leio em
todos os lugares que vou. Ou leio ou escrevo, e na sala de espera do dentista
(se for o meu, eu leio ou escrevo na cadeira do dentista). Hehehehe
Livro que estou lendo agora?
Bem, lá VÃO:
- “Conhecimento da
Astrologia médica e psíquica” de Anna Maria Costa Ribeiro;
- “Portugal” de Miguel
Torga;
- “A tirania da penitência”
de Pascal Bruckner;
- livros técnicos em Ciência
da Informação, Comunicação, Saúde e Política e:
Parabéns Vanessa!
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
*O pianista
Para Pedro Calhao
De Piazzolla a Chopin, tocas as notas
Harmonia que encanta anjos na terra
Humildade aparece em suas festas
No sorriso que brota, pois não erra.
De VillaLobos a Beethoven vai
Deixar muda a plateia que se cala
A cada nota, do piano sai
Enchendo de amor toda aquela sala.
O pianista do dedo dourado
Toca a alma e faz-se o arrepiado
Do público que aplaude estupefato.
Traz paz, pura beleza com seu tato
O mundo fica mais belo, sem fardo
Pela inspiração que se vem do amado.
* soneto que fará parte do "Da Métrica" do " Da métrica ao caos" a ser publicado pela Editora Novitas
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Sobre sapos
Já disse, não adianta beijar sapo esperando que vire príncipe. Joga de volta na lagoa! "Ah, 'tá seca"..., balbuciam dali, entrego seca resposta: "joga no poeirão mesmo; "Ah, mas vai morrer", dizem, e eu retruco: "sapos não escolhem, apenas coaxam".
sábado, 3 de setembro de 2011
*Sétimo andar
Há algo de
estranho...
Sim, há
algo de estranho!
Virar a
cabeça e não conseguir ver nada,
Aguçar o
ouvido e não ouvir patavina.
Os sentidos
embriagados por barbitúricos e álcool,
Álcool e
mais barbitúricos,
Há algo de
estranho quando tenta se aliviar com cortes.
Navalha
afiada, pele desfiada.
Há alivio
na dor do profundo?
Os sentidos
desaparecem,
A brasa do
cigarro já queimou a face.
Relance de
uma cicatriz marca ao mundo.
Há algo de
estranho...
Não, não há
ou há?
Álcool,
mais álcool, mais cortes,
Mais
cicatrizes futuras.
Defunto
ainda vivo com urubus ao ar,
A foto do
porta-retrato rasgada,
A janela
escancarada do sétimo andar,
Ninguém
para telefonar.
Sim, algo
perece junto aos sentidos!
Não se
ouve, vê, sente, degusta ou cheira,
Só a cor do
sangue pisado, coagulado
Dos cortes
e das queimaduras.
Ninguém
para o ouvir, tudo quieto.
Os gatos
com comida para meses,
E as reses
vão para o abate, sem sentir.
Há algo de
estranho que se joga do sétimo andar!
*poema em versos brancos em "AO CAOS" de "Da métrica ao caos", próximo lançamento pela Editora Novitas
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
terça-feira, 30 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Hora, oras
Já é chegada a hora
De a gente ir embora
Do que já poderia ser
E o que já se foi e não é.
Já fomos, mas não somos
Mais o que seremos
Assim já é hora
De deixar ir embora.
Não temos mais o que éramos
Somos outros apesar de mesmos
Em caminhos separados
Sem olhar para os lados.
Deixe-me ir
Como te deixo
Já tivemos nossa hora
Oras, vamos agora.
Ir embora do que foi
Deixar o novo entrar
Separar já não dói
Apenas vamos embora, sós.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
*Encantamento
Poderia não te ver
Observar-te apenas
Pela realidade dura
De meu julgamento vil.
Como encanto te perder
Ainda que sem as pernas
De uma paixão bela e pura
Com a ótica de um funil.
Apegar-me a uma parte
Que me mostraste de pronto;
Seria deixar a sorte
Jogada, só, a um canto.
Não quero mais este ser
Um engessado mecenas
Morto em sua própria agrura
Mais uma vez ignóbil.
Vejo-te além das partes
Não pudicas, meliantes;
Além do olhar apertado
Em meu peito registrado.
Ah, Estou encantado!
* Poema a ser integrado à Métrica do meu novo livro "Da métrica ao caos" pela Editora Novitas. Aguardem!
* Poema a ser integrado à Métrica do meu novo livro "Da métrica ao caos" pela Editora Novitas. Aguardem!
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Quando não se...
Quando não se entende
Jamais já é nunca
Sol derrete a Lua
Monte vai ao vento...
Quando não se estende
Mão alguma branca
Marte e Vênus nua
Monte foi com o tempo...
Quando não se atende
Muda a rosa fica
Mercúrio na sua
Monte borra lento...
Quando não se sente
Passa a vez da tranca
Netuno na rua
Monte quebra dentro...
Quando não se mente
Finda a sina manca
Saturno em suma
Monte some ao centro.
sábado, 13 de agosto de 2011
A Matilh@
Poema dedicado à Matilh@
Ao intentar não trazer
Agruras para a sorte
Aos amigos de distante
E próximo amanhecer
Fez-me tarde perceber
O quão inoportuna
Foi a escolha gatuna
Sumir para proteger.
O sol veio e não soube nadar
Por inépcia ou infeliz falta
Deixei preocupada a malta
A quem não queria atormentar.
Por medo de naufragar
Levando restos do sonhar,
Pulei ao bote, antes não salvar!
Foi pior, tudo afundou até velar.
______________________________
Por escolha infeliz
Pulei da nau para poupá-la:
Afoguei-me e ela afundou...
______________________________
Perdoem-me,
Sou apenas mais um
Só mais um ser
Que tenta
Sim, tenta
Ser
Tenta
Amar
Tenta
Alegrar
Tenta
Não causar danos
E tudo o mais que segue...
Embora, tenha ido em má hora
Melhor teria sido
Não me ter ido
Perdão!
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sexta-feira, 12 de agosto de 2011
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Anjo*
Hesíodo
Anjo,
Suas asas abanam pestes,
Silenciam agruras
Suas asas abanam pestes,
Silenciam agruras
Do passado recente,
Presente!
Aparição fugaz,
Asa branca
Celestial.
Sorriso aberto,
Céu da boca estrelado,
Palavras de brilhante,
Beijo suave
Angelical.
Encanta-me em teu voo
Ao meu redor,
Ave de rapina
Que fui.
Paixão,
Rio revolto,
Caminho sem garantias,
Acompanhado.
Pecado?
Felicidade?
Sorte?
Azar?
Anjo, anjo
Espanta para longe
Essas dúvidas
Que são nossas.
Serei seu anjo
Enquanto o sonho não vem!
E a noite nos embala
Presente!
Aparição fugaz,
Asa branca
Celestial.
Sorriso aberto,
Céu da boca estrelado,
Palavras de brilhante,
Beijo suave
Angelical.
Encanta-me em teu voo
Ao meu redor,
Ave de rapina
Que fui.
Paixão,
Rio revolto,
Caminho sem garantias,
Acompanhado.
Pecado?
Felicidade?
Sorte?
Azar?
Anjo, anjo
Espanta para longe
Essas dúvidas
Que são nossas.
Serei seu anjo
Enquanto o sonho não vem!
E a noite nos embala
Ao som de mil trompetes:
Gritos e urros,
Suor e sorrisos,
De uma asa à outra.
Anjos caídos,
Entregues,
Sorridentes,
Querubins apaixonados.
Gritos e urros,
Suor e sorrisos,
De uma asa à outra.
Anjos caídos,
Entregues,
Sorridentes,
Querubins apaixonados.
*Poema em versos brancos integrante do livro " Da métrica ao caos" a ser publicado e lançado em breve pela Editora Novitas
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Cortejo*
Citar belezas ditas em cortejo
Fixar olhares de desencontrados
Dedicar mocorós adocicados
Suspirar queimadas de sertanejo.
Afagar a mão na faceta crespa
Beijar a boca com a boca tesa
Seduzir gotas de suor em festa
Somando doces à leveza honesta.
Seria quase fácil tal feitio
Se este a que vos estende teso o verbo
Não quisesse que não fosse soberbo.
Em sua fantasia mais cortês
O cortejo há de ser feito plantio
Sem rosas falsas num talo burguês.
*soneto integrante do livro " Da métrica ao caos" a ser publicado e lançado em breve pela Editora Novitas
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Medo de voar
O pacote vem completo
Fardo carregado em si
Mais do mesmo, muda o jeito?
Farto de olhar para além dali.
Imutável no ensaiar
Quer ser borboleta livre
Preso fica sem mudar
Lagarta, sim, pois não sofre.
O acaso tenta ajudar
Demover da folha torta
Aponta até para a porta
Cala o medo de mudar.
Poderia assim voar
Já com asas que quisera
Nos dias de sol afora...
Faltou o seu próprio sonhar.
sábado, 6 de agosto de 2011
Doce atração
Ser saído da casca,
Trincada e rachada,
Tem seu coração.
Começo da casca,
Caminho no nada
Para tua mão.
O que lhe é tangível,
Por si invisível,
Cora a solidão.
Dois seres, possível,
Ir para a infalível
Doce relação.
sábado, 30 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 28 de julho de 2011
quarta-feira, 27 de julho de 2011
segunda-feira, 11 de julho de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Jaulas
Espaço fechado de valor desvairado
Almejado por tantos deslocados
Não há alojamento para todos
Construção de mais jaulas, mato desmatado.
E olham pelas grades sorridentes
Aqueles donos de sua prisão
Alienados, a zoológicos vão
Ter dó dos bichos presos permanentes.
Não percebem que eles próprios são presos
Em gaiolas de paredes bem decoradas
Conformados com o alto preço, ilesos.
Enjaulam-se como prendem manadas
Proliferam por sobre os indefesos
O homem destrói a natureza a pauladas.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
quarta-feira, 18 de maio de 2011
terça-feira, 10 de maio de 2011
quinta-feira, 5 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Mundanos sentidos
Quero o sopro mais sutil
O sussurrar ao ouvido
De palavras que sorriem.
Quero o olhar mais puro de quem,
Ao afagar minhas costas, servil,
Acalma meu coração em prurido.
Quero o toque mais suave
Da mão terna e afável
Que me torna humano.
Quero respirar o ar saudável
Do cheiro de sua escrita frase
Ao me deitar mundano.
Quero o gosto do gozo
Ao provar com minha língua,
O suor que lhe escorre a pele.
Quero o desejo frondoso
Do que se sente sem míngua
Outros sentidos desconhecidos da plebe.
O sussurrar ao ouvido
De palavras que sorriem.
Quero o olhar mais puro de quem,
Ao afagar minhas costas, servil,
Acalma meu coração em prurido.
Quero o toque mais suave
Da mão terna e afável
Que me torna humano.
Quero respirar o ar saudável
Do cheiro de sua escrita frase
Ao me deitar mundano.
Quero o gosto do gozo
Ao provar com minha língua,
O suor que lhe escorre a pele.
Quero o desejo frondoso
Do que se sente sem míngua
Outros sentidos desconhecidos da plebe.
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segunda-feira, 2 de maio de 2011
Pluralidade de Haicai
Lágrimas faceiras
Inundam os vales
Galhos caídos ao vento
Diabo aborrecido
Pelo calor do Verão
Dorme na ilusão
Pontos formam letras
Que constroem frases
Hora própria do poeta
O Outono instiga
A primeira folha a cair
Morte em vida viva
A primeira folha a cair
Morte em vida viva
É um estúpido
Crer na sua própria cria
A Estupidez
Crer na sua própria cria
A Estupidez
quarta-feira, 27 de abril de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
Meus calos
O calo do pé direito
Faz menção ao usufruto.
Fruição deveras farta
De um gaudério batuta.
O do pé esquerdo dói
Oriundo de pisadas.
Pisão que quase destrói
Sentimentos e risadas.
As protuberâncias duras
Com ou sem líquido dentro:
Reflete de carnes puras
Calejadas pelo centro.
domingo, 17 de abril de 2011
sábado, 16 de abril de 2011
Vivo horizonte
Horizonte vivo
Do que se faz um ser,
Do que se constrói um homem,
Muralha que se queda.
Medo da insegura realidade,
Anseio pela quimera segurança,
Amálgama de mim,
De ti,
De nós...
Vê-se sem olhar,
Sabe-se sem conhecer...
Simples assim
Na sua complexidade
Do nascer da saudade!
Uma semana se passa,
Uma semana se abre...
E o horizonte ao longe,
Lindo,
Viçoso,
Vivo.
Aberto para nunca ser alcançado,
Mas desvelado,
Do sentimento real a crescer
No vivo horizonte da vida.
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sábado, 9 de abril de 2011
Resenha do livro "Caóticos de uma Mulher Crônica" de Tati Cavalcanti
Por Cristiano Melo
A narrativa descritiva de Tatiana Cavalcanti, em seu “Caóticos de uma mulher crônica”, é extremamente pessoal. A autora disseca seus anseios, medos, desejos e esperanças no cotidiano das grandes cidades, num mundo globalizado, levando o leitor a se identificar, de imediato ou um pouco mais lentamente, com algo de sua experiência. De um jeito ou de outro, não se sai ileso dessa identificação.
Com construções paradoxais de vida e morte, como no primeiro conto do livro “Dias de nostalgia e uma vontade absurda de sumir”, a autora busca justificar a impossibilidade de morrer vítima da saudade, muito embora tente, a todo instante, se matar por meio dela. Em "... milhares de mortes que nunca me matam de nada.”, indica-se o contraponto entre a morte metafórica, eufórica e a vida. Assim, percebe-se um dos eixos do livro: o remédio amargo sempre pode ser a solução para determinado problema.
Espirais de frases dicotômicas bem construídas, num labirinto neurótico a que todos estamos sujeitos, como no conto “Saída do labirinto da vida”, Tatiana escreve “... dói querer tanto e não sacar nunca que desejar não é sinônimo de conseguir.”, e balbucia “Eu só quero a saída.”. Soma-se a isso o seu "Ser para sempre”, que traz o desejo, o querer que não se tem facilmente e aquele que seja impossível de conseguir, este o que lhe traz mais prazer em sua busca.
Tatiana escarafuncha sua essência em todos os aspectos, dos recônditos mais profundos aos desejos mais superficiais, criando um conflito de interesses. Numa dicotomia demasiadamente humana, podem ser percebidas as neuroses que este conflito traz a ela e aos seus leitores.
Outro fato marcante no livro “Caóticos” é que a figura do interlocutor da autora é relegada a uma marionete, pois que a sua possível expressão, essência e desejos são ditados por ela: soberana absoluta em seu mundo caótico e sedutor.
Assim, a tríade que permeia, ou melhor, dá esteio a todo o livro são o desejo, o não ter e a morte, a partir dos quais se desdobram os variados contos, que constroem a colcha de retalhos que é a escritora e, por sua vez, os leitores.
Por fim, ao leitor desatento, o "Caóticos" pode parecer um livro com contos pueris. Ocorre que, em cada oração posta, lá está Tatiana apontando o esmeril que é viver nos dias de hoje. Dessa maneira, quem o lê se beneficia com possíveis saídas, indicadas pela autora, para os labirintos caóticos de cada um.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Vai entender...
Da surpresa concebida,
Ao susto pálido dito,
Sim, não consigo o desdito.
Carne dura na subida.
Encontrar um par de dança,
Traz alegria ao roçado
De coxas sem esperança,
Trazida pelo alambrado.
Dancem muito e bem a valsa.
Vida aberta, fechadura
Sem chave, só a promessa
Feita por ninguém que fura.
Dos tropeços no começo,
Vem o conhecer do estranho,
Do novo e velho universo.
Amarras pobres de estanho.
Podem fugir do futuro,
Esquecerem do passado,
Darem no presente muro.
Mas, fiquem com vosso dado.
Pelas roladas do cubo
Ter-se-á todo o Destino
Desentalados do tubo
De buscar seu amor fino.
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