-Pra mim?!
Perguntou Carol ao homem com quem acabara de trepar, após pedir um copo com água. Por estar numa quitinete de uns vinte metros quadrados, havia achado estranho o fato de ele ter servido água da pia, deixado o copo lá mesmo e voltado a deitar no sofá-cama, único objeto além da pia e de uma pequena estante com um filtro de água em cima.
-É...
Respondia Caetano num bocejo de quem acabara de ejacular suas vontades. Por estar em sua moradia, não se importava em ser o que era, transparente que fora ao não comunicá-la que ela era gostosa, e só.
-Já vou, tá?!
Carol, com o copo na mão, dirigiu-se a porta para sair, havia achado uma falta de educação insuportável, ter dado para aquele bosta indolente e ele lhe servir aquilo, quem ele pensava que era, mordiscou em seus pensamentos.
-Já?!
Com algo da tirana culpa penitente ocidental, não sabia ao certo porque relutara em deixá-la ir embora, ela já começava a fazer expressões estranhas na face e poderia haver alguma conversa, o que ele não queria de forma alguma, ela era gostosa, e só.
-É que tenho de dar água e comida aos meus gatos...
Respondeu sem entender porque simplesmente não saía correndo daquele local sujo e deprimente, ela que tinha uma cobertura com piscina e gatos.
-Sei, os gatos são mais importantes que...
-Você?
-É.
-Mas são
-Quem?
-Os gatos...
-O que?
-Os meus gatos são mais importantes que você!
-Ah...
Ele titubeava e queria que ela fosse embora, mas movido por qualquer coisa que não conseguira identificar, tentava demonstrar que não era um cara que só trepara com ela, sentia-se diferente dos outros, mas ela era gostosa!
-Tchau, você me liga?
Pronto, lá vinha o compromisso, pensava Caetano, que logo, deitado que estava, fechara os olhos e dissimulara leve adormecer.
-Ei!
Carol, ainda segurando o copo com a água da pia, chamou a atenção dele, que já ensaiou um pequeno ronco e não se mexeu.
Ela abriu a porta, o copo apertado entre os dedos, saiu com os olhos arregalados de raiva e desprezo. Ele continuou no seu intento de dormir.
Ela foi embora.
Ele ficara.
Bebeu a água enquanto descia as escadas que rangiam, como seus dentes, da ira despertada. A água não desceu junto com ela, e saltou numa cuspida direto ao chão, jatos de vômito a acompanharam, e Carol escorregou em seu próprio regurgito, caiu, e, antes de quebrar o pescoço, lembrou: quem vai dar água a meus gatos?
Cristiano Melo, 25 de Junho de 2008.
Perguntou Carol ao homem com quem acabara de trepar, após pedir um copo com água. Por estar numa quitinete de uns vinte metros quadrados, havia achado estranho o fato de ele ter servido água da pia, deixado o copo lá mesmo e voltado a deitar no sofá-cama, único objeto além da pia e de uma pequena estante com um filtro de água em cima.
-É...
Respondia Caetano num bocejo de quem acabara de ejacular suas vontades. Por estar em sua moradia, não se importava em ser o que era, transparente que fora ao não comunicá-la que ela era gostosa, e só.
-Já vou, tá?!
Carol, com o copo na mão, dirigiu-se a porta para sair, havia achado uma falta de educação insuportável, ter dado para aquele bosta indolente e ele lhe servir aquilo, quem ele pensava que era, mordiscou em seus pensamentos.
-Já?!
Com algo da tirana culpa penitente ocidental, não sabia ao certo porque relutara em deixá-la ir embora, ela já começava a fazer expressões estranhas na face e poderia haver alguma conversa, o que ele não queria de forma alguma, ela era gostosa, e só.
-É que tenho de dar água e comida aos meus gatos...
Respondeu sem entender porque simplesmente não saía correndo daquele local sujo e deprimente, ela que tinha uma cobertura com piscina e gatos.
-Sei, os gatos são mais importantes que...
-Você?
-É.
-Mas são
-Quem?
-Os gatos...
-O que?
-Os meus gatos são mais importantes que você!
-Ah...
Ele titubeava e queria que ela fosse embora, mas movido por qualquer coisa que não conseguira identificar, tentava demonstrar que não era um cara que só trepara com ela, sentia-se diferente dos outros, mas ela era gostosa!
-Tchau, você me liga?
Pronto, lá vinha o compromisso, pensava Caetano, que logo, deitado que estava, fechara os olhos e dissimulara leve adormecer.
-Ei!
Carol, ainda segurando o copo com a água da pia, chamou a atenção dele, que já ensaiou um pequeno ronco e não se mexeu.
Ela abriu a porta, o copo apertado entre os dedos, saiu com os olhos arregalados de raiva e desprezo. Ele continuou no seu intento de dormir.
Ela foi embora.
Ele ficara.
Bebeu a água enquanto descia as escadas que rangiam, como seus dentes, da ira despertada. A água não desceu junto com ela, e saltou numa cuspida direto ao chão, jatos de vômito a acompanharam, e Carol escorregou em seu próprio regurgito, caiu, e, antes de quebrar o pescoço, lembrou: quem vai dar água a meus gatos?
Cristiano Melo, 25 de Junho de 2008.
Adorei o final! Nunca imaginei que ela fosse morrer. Ficou ótimo mesmo... Pena Carol ter morrido.
ResponderExcluirEu sabia! Eu já tinha lido este.
ResponderExcluirNem lembro oque foi que comentei.
Hoje digo. Não se preocupe com os gatos. eles se viram, Cristiano.
Carol não era uma gateira. se fosse pensaria outra coisa antes de quebrar o pescoço. Tipo: esses gatos sábios nem ligam pra minha histeria. ficam lambendo o pelo e olhando pra mim com esse olhar de paisagem verde.
Tita,
ResponderExcluirem minhas prosas acho que acabo matando todo mundo...rs. Recordo de suas prosas fantásticas, gostava muito delas, muito mesmo.
Obrigado e Carol que inspirou a prosa, não morreu na realidade...rs2
abração
Bea,
ResponderExcluirsei que lembra e o seu comentario não foi muito diferente pelo que me lembro.
Concordo que a carol não era uma gateira, como também não cuidava de si, resumindo, sem cuidados.
beijos