Darei uma pausa na poesia para tratar de um tema que está muito em voga em nossa sociedade brasileira: a violência.
O Brasil é um dos países com o maior número absoluto de homicídios do mundo, ganha até de países em guerra ou que enfrentam ditaduras e, ainda países em extrema pobreza, onde se morre de fome.
Não é meu intuito adentrar muito na discussão teórica do que vem a ser violência, quais agentes envolvidos etc. Para isto, me utilizo do chamado “mapa da violência” de autoria de Julio Jacob Waiselfisz, elaborado, editado e distribuído pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura – OEI e tendo o apoio do Ministério da Saúde do Brasil com sua primeira edição datada de 2007. Assim, para os interessados em aprofundar-se na teoria e nos números apresentados recomendo ver o link disponibilizado abaixo:
Meu interesse com este texto é levantar algumas questões que ficaram em minha mente após ler o trabalho em si. Claro que como qualquer dado estatístico, deve-se analisar com um olhar crítico e inseri-lo no contexto em que a pesquisa foi realizada. Nesse sentido, não pude deixar de perceber que no “ranking” dos municípios mais violentos no país, não são encontrados aqueles que costumeiramente aparecem na grande mídia. O que me faz pensar de imediato em manipulação de informação e em como a nossa mídia se atem a fatos sensacionalistas que ocupam semanas e até anos sobre aquela notícia de um caso apenas, enquanto em municípios menores, a violência tem aumentado mais que nas grandes cidades, veja o texto de Julio Jacob, e a notícia que surge é de violências que podem ser “consumidas” pelo público, daí não se ter a devida proporção do que se acontece realmente no país.
O próprio trabalho “mapa da violência” não é objeto de interesse de divulgação da grande mídia, onde turistas, conferencistas, trabalhadores brasileiros e estrangeiros poderiam atentar sobre os dados do município brasileiro a ser visitado. Podendo facilitar, infelizmente, a sua entrada nas estatísticas do próximo levantamento.
É claro que a própria sociedade é responsável, sempre somos. Mas a divulgação das informações pertinentes encontra, a meu ver, um bloqueio criminoso, o da manipulação da informação e o do sensacionalismo para manter a audiência alta, aí entra a responsabilidade também da sociedade que consome estas notícias não de forma crítica, mas mais passivamente e não é comum que se questione, porque não se existem informações mais relevantes ao cidadão, para o seu próprio exercício de cidadania, salvo raríssimas exceções.
Bem, como a violência é um assunto que diz respeito a todos nós cidadãos brasileiros e do mundo, resolvi trazer este assunto com o texto para leitura, como maneira de divulgar algo importante para a sociedade.
Boa leitura e interpretação!
Cristiano Melo, Maio de 2009.
Fonte: Waiselfisz, J. J. .Mapa da violência dos municípios brasileiros. OEI, 1ª edição, Brasília, 2007.
Saõ tantas as formas de violência que este mapanão retrata a ponta do do dedo do monstro.
ResponderExcluirBom postar, bom falar. Melhor ainda saber escolher onde estar. Nem que , no meu caso, seja no fundo do mar. que seria violentíssimo, vc sabe!;))
Sim, Bea, esses dados são só uma faceta de um assunto complexo e cheio de desdobramentos. No site do ministério da saúde existem outros mapas, que ajudam a compor o que se chamam os observatórios. Ajudo na composição de alguns observatórios, o da violência estava fora, mas resolvi entrar nele.
ResponderExcluirBem, que fique aqui um alerta e um possível blog pra a divulgação e debate de assuntos não poéticos.
Pois é, se eu pudesse morava no mar, mergulhado...rs E você teria que vencer este medo para me visitar : )
isso sem falar no descaso total...
ResponderExcluirinfelizmente, cai-se no "lugarcomumchavão":
samba,suor,sexobarato,cerveja,(a)bunda(ncia) e por ai segue o "trenzinho da alegria brasileira pós-milagre"...
Ontem ou hoje, sei lá, "reestréia" aqui em sampa e para todo Brasil, claro, o tal do "Programa do Ratinho" do SBT (Sistema Bizarro de Televisão - do Sr. Silvio Abravanel das Roletas)...assista lá, pra perder um pouco de seu tempo...e veja com qual gral de "seriedade" se tratam os problemas cruciais do País !...
seu prostado/assunto é um primor !...deveria estar em periódicos !
...será ????
abraço
Grande Joe,
ResponderExcluirEu escrevo em periódicos...Alguns artigos publicados na área de Informação e Comunicação em Saúde. Acho que terei de criar um terceiro blog para dar vazão a temas desta monta. Bem, você tem toda a razão, com relação à qualidade no mínimo duvidosa (isto para ser o mais imparcial possível) sobre programas como o do tal Ratinho (nome apropriado by the way), mas ao meu ver, infelizmente, é cíclico, como na teoria do consumo e do produto a ser consumido.
Informações presentes na mídia sensacionalista só existe, em última análise, porque tem quem a consuma, aliás a grande maioria, pois eles trabalham com números, e cada vez mais as pessoas vão ficando imbecilizadas...
E, a violência, ou outros assuntos que afetam a todos são retratados em raríssimos veículos de comunicação independentes.
Temos de fazer nosso papel de cidadãos e divulgarmos trabalhos como este que apresento.
Obrigado pela presença e comentário
abraços
Cristiano Melo
Desculpe a ousadia mas gostaria de o convidar para o lançamento do meu livro.
ResponderExcluirA autora Conceição Bernardino e a Editora Mosaico de Palavras, têm a honra de convidar V.Exas. a estar presente na sessão de lançamento do livro “Linhas Incertas”, que terá lugar no próximo dia 30 de Maio, pelas 15.00 horas, na Casa Museu Teixeira Lopes, na Rua Teixeira Lopes, 32 – V.N.G (perto da Câmara de Gaia).
Prefaciado pela Doutora Goreti Dias
Os textos de Conceição Bernardino não escapam à descoberta de um determinado ponto de vista, ou seja, ao inevitável pressuposto de um sujeito, já que não existe uma análise absolutamente neutra, sem indivíduo. Cada poema é uma situação de comunicação em que a subjectividade dá lugar à apresentação claramente incisiva de alguém que gira nas esferas de valores observadas e colhidas na sociedade, ciência, moral e arte, a reflexão de um acto de conhecimento da autora em contacto com o mundo real, as suas injustiças, guerras e desamores. (…)
A poesia de “Linhas incertas” tem uma força imagética que nos roça a pele e penetra a carne, uma magnitude que, poesia dentro, se faz a cada verso mais crua, mais real. A presença de predadores na esquina dos desprevenidos, dos simples e dos desprotegidos! Da passividade à actividade, o sujeito da enunciação instiga “Crentes do nada, do vazio, levantai a cruz,/que a morte cala todos os dias...” em “ Sexta-feira Santa”; as palavras oferecem-se à partilha da dor: “Sou um pedaço de carne/que atiram aos cães”, em “Retirem-me estes cadeados”.
A apresentação da obra será feita pela escritora Rosa Maria Anselmo
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