sábado, 2 de outubro de 2010

Alice




Desde o dia em que Alice caiu
Lá da janela preta de dentro
Pra fora, no doído cimento
Não poderia jamais ser gentil.

Fustigada pela luz do paço
Parecida com cebolas cruas
Incontáveis camadas duras
A descamar algo em percalço.

Alice já caminhava, débil
Por entre outras pasmas liláceas
No caminho de bulbo infértil.

Asas brotam dos ombros às nádegas
Voa moribunda com arredio
Com a alma, enfim, livre pra Atenas.



Um comentário:

  1. DESCRIÇÃO FÚNEBRE MAIS LEVE E MENOS DOLORIDA QUE JÁ LÍ, REALMENTE VOCÊ SABE MANUSEIAR MUITO BEM AS PALAVRAS E DÁ UM TOQUE EM TUDO COM MAESTRIA, PARABÉNS...

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