Maionese e outros molhos grudados
A guloseima segura com as duas mãos
Num prazer que se traduzia no sorriso dos olhos.
E o olhar apertou-se mais ainda num sorrir encantador.
Aquele conjunto paralisado e eternizado em minha mente
Trazia calafrios junto a inumeráveis desejos imediatistas
Traduzidos no sublime acalento de uma ópera divina.
Segundos se tornaram horas e até dias
Num furacão de química e reflexão.
Existe amor a primeira vista?
A primeira indagação àquela visão.
A maionese, o prazer ao comer, o olhar, as mãos
Aquele universo a desvendar bem à minha frente
A poucos passos, que a cada um, aumentava a aflição
As batidas do coração pareciam vir da boca, estupor.
O medo aparece, junto ao vazio da existência
A carência da solteirice martelando, confuso
Era aquilo realidade, ou meu espelho distorcido?
Não seria carência, e sim completa experiência.
Faltavam poucos passos para a troca de olhares
O suor na testa, a dor no estômago, temperaturas alteradas
E eu na mesma direção com toneladas aos pés,
A insegurança começava a surgir, será que seria reconhecido?
Mais uma abocanhada naquele enorme e gorduroso pão
O rosto mais lambuzado e aquele olhar, sem me ver
Que burilava alegre alheio aos outros, a linda face
Coberta de maionese não se importava, eu sim.
Ficava mais animado, encontraria um ser humano enfim
Tal qual num espelho, os passos mais rápidos e a confiança
De volta numa fração incalculável, eu já sorria
Chego à mesa, nossos olhares são reconhecidos.
Sentei, conversei, não falei da face melada, diamante bruto
O olhar retribuído, os sorrisos também, algo estava para acontecer
E prenunciava alegria corroborada com o profundo olhar
De um no outro. Polaróide urbana, mais um casal na grande cidade.
E pra saber quem reflete quem, espelhos de encontros
Nem o tempo dirá, pois aquele foi o tempo, mágico e real
Dos dois que se amaram em olhar pra dentro de si
E encontrar-se no sorriso do outro, só!
Chegara a minha vez de melar o meu rosto com maionese.
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