sábado, 16 de maio de 2009

Infancia Interrompida


A dor de existir, de caminhar
Faz-te entupir o sangue de veneno
O pulmão com fumaça malhada
O olhar ao horizonte te consome.

Não te sentes segura, não é menina?
Teus pais te espancam os sonhos
Os vizinhos calam e não te salvam
Para onde fugir e do inferno escapar?

Na forca que te jogam esperar
O pescoço que pende eterno!
Julgada à revelia, de defesa furtada,
Sem sono quando a noite some.

Queres fugir, não é criança fina,
De teus medos e temores bisonhos?
Quem sabe viver em paz no afã
Do divã e poder, finalmente, amar.

Tenho medo por ti, menina do telhado,
Teu predador a espreita diligente,
E o que tentar do contrario é engolfado.

Queria te pegar no meu colo de gente.
No teu sono, inspirar sonho embalado
Da tua infancia extirpada por demente.

Cristiano Melo, 17 de Maio de 2009.

4 comentários:

  1. Todo julgamento à revelia é
    emsua essência
    cruel ...
    E quando a defesa se esconde no manto
    da indiferença
    Bem, ... aí fica muito pior.

    abraço !!

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  2. Sá menina!
    Na ilusão tem cola,
    E droga, sacundim
    Samarina, é de pedra
    Boceja enfado

    Não vacila, nem vem de garfo
    Que hoje é dia de sopa
    Na costa do descobrimento
    Seu país deixa cair
    Zazueira, dança nesse embalo

    Nessa linguagem cotidiana no furor da língua,dialogamos.

    Mas é que a violência é da sociedade contra si mesma.
    Sá menina não é vítma ..é algoz, por vezes.

    Assim como são os pais dela.

    Nessa confusão ética em que vivemos e a politica de saúde do governo, implementada pelo ministério da saúde v^^e e lê doente como minoria...tudo fica interrompido.

    Aborto

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  3. Ivan,
    em se tratando de Direito, nem há o que se falar, mas em termos poéticos é de uma crueldade o ser julgado a revelia, jogado a sua própria sorte...
    Bem colocado.
    Abraços

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  4. Bea,
    Que comentário repleto. Obrigado pelo poema, casou bem com o tema do poema. Sobre a "discriminação" em políticas públicas, sejam elas de saúde, educação etc. Há atualmente uma calorosa discussão que ainda vai render muito "pano pra manga". Sobre os principios do SUS, esta discriminação estaria associada à equidade, dar mais para quem precisa, e vai de encontro ao outro principio que é o da universalidade (são quatro principios), e esta discussão ocorre há mais de vinte anos.
    Sobre o poema, tentei fazer poesia de algo tão violento que é o abuso infantil, as marcas deixadas e o quão vulnerável é uma criança em seu meio social.
    Beijos

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