segunda-feira, 30 de março de 2009
Solidão
Energia contida inquieta
Só em meio à multidão
Melancolia instalada e não aceita.
Desfrutar de uma boa conversa
Alivia o ser e a alma
Silenciar, medita ou não acalma
Solidão da existência que não versa.
Interagir quando se quer
Companhia que se aceita
Do amor não consegue esquecer
Solidão, tristeza, escolha desdita
Refletir pode o peito aquecer
E só se continua, egoísta bem-dita.
Cristiano Melo, 27 de Março de 2009.
Resultado da enquete
domingo, 29 de março de 2009
sábado, 28 de março de 2009
A Balsa
Vizinhas cidades.
Poderiam ser somente uma
O rio as corta ao meio...
Moradores, bicicletas, automóveis...
Vão, voltam, vêm, retornam!
Perante o clima e o tempo
Que as mantêm separadas.
Poder-se-ia construir uma ponte
Mas com a balsa é feita a travessia
Barco comprido que une as vilas
Um desfile de escancarada democracia.
Misturam-se todas as classes sociais,
O verbo é unir e não separar
Todos que vão e vêm
Pelo rio que separa, mas une!
Cristiano Melo, 25 de Março de 2009.
quinta-feira, 26 de março de 2009
Amor Vira-lata
Rebola o traseiro à minha frente.
Não confunde a origem de seu nome
Entretido nos sacos repletos de guloseimas.
Hoje mais adequado seria chamá-lo fura-sacos
Ou ainda cata-lixos
Quase não existem mais latas,
Mas muitos vira-latas.
Sinto-me como ele, ao meu redor
Ao procurar amor em latas
E por achar lixo uma tentação.
Os humanos indiferentes passam pelo bicho
Que cata seu alimento no lixão
Como eu não encontro humanos
E, de sobras, vivo a minha paixão.
Se alimentos e amor são comparáveis?
Claramente, a este poeta, sim.
Elementos básicos sobre a vida
Sem eles se morre de inanição.
Se o que não serve para uns
É largado ao meio-fio...
Para outros, torna-se tesouro
Realidades diferentes e mesma sina.
Olho para o vira-lata que me vê,
Reconhecemo-nos por um segundo.
Ele continua com o osso e o rabo que abana
Eu volto a mim, com uma reflexão!
Somos todos apaixonados vira-latas
Que de lixo e restos alimentamos nosso amor
E que assim, largados, sem rumo certo,
Pereceremos com tanta comida estragada.
Cristiano Melo, 26 de Março de 2009.
terça-feira, 24 de março de 2009
Letras de um outro mundo
Recife de Dentro - Porto Seguro
Guardam um segredo de um mundo inteiro
Uma cultura completa e desconhecida
Subestimada pelo ser humano.
Mundo subaquático de cores variadas.
Seres que vivem sua vida sem celeiro
Sem conhecer a humana desmedida
Independentes do ar insano.
Mas como são frágeis e delicados,
Com uma única lasca, lá se vão décadas
E centenas de anos à vida dedicados.
O bicho homem espreita com pegadas
Lixo tóxico lhes entorpece calados
E salve os que ainda restam sem pescadas.
Cristiano Melo, 24 de Março de 2009.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Escritório à Beira Mar
Varanda da Pousada Baixu - Arraial d'Ajuda - BA
O escritório do poeta é a poesia pura
Beleza própria emoldura as letras.
As reflexões do que se deseja para o futuro
Batem forte no jovem adulto, homem do mar
Nascido no litoral e crescido no interior.
Voltar ao mar é uma possível escolha
Matéria que me originou e ousada
Convida-me ao novo caminho.
Do interior ao litoral, retorno inspirador
As letras têm cheiro de maresia
E a brisa acaricia as dores do passado.
Presente e futuro, com o passado de lado
O poeta veste a nova pele de poesia
E pro mar retorna multicor.
Cristiano Melo, 23 de março de 2009.
domingo, 22 de março de 2009
Traço Azul
É o soberano em seu mundo de bares brasilienses,
Desenvolto, passeia entre seus súditos consumidores
De sua arte com traços e cores pintada
E estórias de realidade triste e alegre contada!
Yalovich é pelos mais antigos lembrado,
Novo nome ganho e carimbado em suas telas:
Traço azul! Explicações do soberano:
Gosto da cor e do nome: traço azul...
Da boca cansada e desdentada, brota o sorriso
E, de mesa em mesa, reconhecido e acolhido,
Suas telas são bem aceitas pelos notívagos
E expostas nas paredes do povo erudito.
Privilégio de poucos, tomar goles sagrados
Com o soberano já cansado,
Conversa boa garantida nas noites de Brasília,
Artista, amigo, rei, outros tantos adjetivos
Que a ditadura
Não conseguiu diminuir
Com a tortura.
Sequelas num fluir.
Hip hip, hurra,
Yalovich,
Traço azul,
O milico morre esquecido
Enquanto a Tua História é perenizada.
Cristiano Melo, 21 de Março de 2009.
sábado, 21 de março de 2009
Contraponto
Gosto por sina
Pulula vivo a ferida.
Imperativos e reticências
Exclamações e indulgências
Fumaça sem cor espicha.
Se a dor acompanha a alegria
Duas faces da mesma comida
Mais vivo, morrer seria.
A testa franze com o sorriso
Esquizofrenia da não dita
Escura e doce harmonia.
Equilíbrio de contrapontos
Responsabilidades enxutas
Vaso de cristal sem margaridas.
Cristiano Melo, Janeiro de 2009.
terça-feira, 17 de março de 2009
Aos Verdadeiros Amigos
Sem julgar ou fenestrar a couraça humana
Com solidário afeto e simples candura
Entram na senda de andarilhos errantes.
Mostram os dentes a outros caminhantes
Que busquem importunar o sono doce
Daqueles escolhidos pela alma irmana.
Longo parcel a trocar sua crosta dura
Desencarnam-se da couraça como antes
Estimulados pelo olhar que acalma.
Reconhecidos que são no caminhar
Entrelaçam-se pelos códigos mudos
Seguindo rumo à liberdade plena.
Amigos são assim entregues e dados
Numa mútua troca de afetos em cena
Daquilo que se pode em amor culminar!
Cristiano Melo, 17 de Março de 2009.
Em homenagem a todos os meus verdadeiros amigos e em especial à Bea e Marcos que terei a felicidade de encontrar nessas minhas férias!
Em breve outro blog
Sou mergulhador e fotógrafo. Irei viajar agora e irei para alguns pontos de mergulho maravilhosos do Brasil, por enquanto deixo o suspense, só digo que ficam na Bahia....
O outro blog será dedicado a apenas fotografias da biodiversidade marinha brasileira e mundial, aqui um exemplo de como será.
abraceijos glub glub
domingo, 15 de março de 2009
Patognomônico
Essa que me deixa empolado,
Estufa petéquias em meu rosto:
Roça seca a garganta!
Inflamação faceira,
Essa que me abre os vasos,
Enche o sangue de células específicas:
Incha edema a garganta.
Infecção oportuna,
Essa que invade os tecidos,
Estimula o pus em escala:
Embranquece placas a garganta!
Asfixia bem-vinda,
Essa que me fecha a glote,
Conclui minha própria sorte,
O grito da garganta:
Escarro escarlate!
Cristiano Melo, 23 de Junho de 2008.
sexta-feira, 13 de março de 2009
Mundanos Sentidos
O sussurrar ao ouvido
De palavras que sorriem.
Quero o olhar mais puro de quem,
Ao afagar minhas costas, servil,
Acalma meu coração em prurido.
Quero o toque mais suave,
Da mão terna e afável,
Que me torna humano.
Quero respirar o ar saudável,
Do cheiro de sua escrita frase
Ao me deitar mundano.
Quero o gosto do gozo,
Ao provar com minha língua,
O suor que lhe escorre a pele.
Quero o desejo frondoso
Do que se sente sem míngua,
Outros sentidos desconhecidos da plebe!
Cristiano Melo, 12 de março de 2009.
quarta-feira, 11 de março de 2009
Torpes Afetos II
Além de meu afeto...
Corroboras a maneira inconsequente humana
Esbarram-se uns nos outros, sem ética alguma
Só a mais pura vaidade!
E, quando não resta mais nada a dizer,
Além de um "seja feliz”,
Nada resta
Só raiva e frustração.
Recolho-me
Não me desenterre!
Cristiano Melo, 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
Traição
Trair o bode chifrudo com teu silêncio ditoso,
Amargar a boca beijada com excremento, supura!
Soberba, ludibrias e engalfinhas almas, doloso
Sonsa a mão que escondes de tantas mãos, impura
Não há jeito, maneira, conserto ou sexo gostoso.
Sórdidos ambientes te esfregaram sêmen barato
Encontros pós masturbação informática diários
Volvia insano a cama ao sublimar o sexo negado.
Via filhos e casa própria, cidadela e sutil dromedário
Corcova de esperança familiar enquanto literato,
Estourou com a verdade da angústia, sacode otário!
Cristiano Melo, 09 de Março de 2009.
domingo, 8 de março de 2009
A Mulata
Azul-esverdeado como moldura,
Sacode o pouco pano da saia dourada
A mulata apaixonada do morro encantado.
Os amigos nos instrumentos de improviso
Com ajuda das palmas dos presentes,
Enfeitam e alegram a cadência e sorriso
Do orgulho do morro colorido.
O sol realça a pele de belo bronzeado
E o suor que escorre por entre os poros
Aumentam da vista comum a temperatura
Da mulata encantada do pouco vestido.
Assanhados tentam acompanhar os passos,
Desengonçadas arriscam um sapateado,
Divertidas crianças em plena doçura,
Sua família coletiva em alarido.
Frenético ritmo da brasilidade prateada...
Tum, baticum, tum, tum, baticum!
Finda-se o domingo de comilança e bebida:
Dorme tranqüila a mulata do morro encantado.
Cristiano Melo, 08 de Março de 2009.
sábado, 7 de março de 2009
Naquela Noite
Energia afasta e expele fungos mágicos!
Monólogos de dois noturnos famélicos,
Esvai a represa de angústia sentida.
Representantes díspares outrora conjugados
Assistem passiva e ativamente o final.
Planos e sonhos sordidamente destituídos
Relacionamento julgado e condenado a tal.
Dir-se-ia que todo fim é triste
Que se não tentou compreender o outro.
Dir-se-ia que a impermanência existe
Que surpresas são comuns sem lastro.
Serve a quem o desperdício do rumo?
Seguir a vida separados quando se acreditou...
Soçobra o luto em roto prumo,
Cadáveres sem tumba e acabou.
Na noite em que nos deixamos
Muito e pouco acontece inerte.
No dia em que acordei logrado à própria sorte
Muito e pouco despertamos.
Adeus!
Cristiano Melo, 07 de Março de 2009.
sexta-feira, 6 de março de 2009
Torpes Afetos
Inspiro doces palavras,
Torpes afetos.
Pensamentos inconsistentes
Criam-se e se fortalecem
Na cabeça dessa fantasiosa medusa,
Cobras ludibriosas!
Imano doenças,
Acaricio doentes,
Enlouqueço!
São permaneço
Com esforço.
Desde infante,
Loucos insanos
Tropeçam em meu carinho,
Parabólica de dementes que me tornei.
Não seria diferente dessa vez,
O mesmo mecanismo:
Aproximação,
Dedicação,
Ilusão,
Traição
Da verdade pirada
Nunca existida...
Ave mentira!
Cristiano Melo
quinta-feira, 5 de março de 2009
Escolhas e Silêncio
Escolhas
Interativas,
Comunicantes,
Desconcertantes...
Escolhas.
Vivas,
Mortas
Escolhas.
Escolho a vida e a morte.
Sem escolhas do silêncio frio.
Asas de um anjo caído,
Que esfrega as penas na sua cara.
Não há escolha.
Encolha!
-SILÊNCIO-
Da fofoca
Silencio.
Da descompostura
Silencio.
Do descaso
Silencio.
Do desafeto
Silencio
Do silêncio
Grito!
Cristiano Melo, 08 de Agosto de 2008.
A Espera
Enquanto não vem.
Espera-lhe com o fogo aceso
Do fogão à lenha,
Do seio em brasa.
Cheiros se confundem,
Enquanto não vem.
Os odores
Do sabão de coco,
Da colônia da venda,
Do frango caipira ao molho pardo,
Daquilo guardado.
Quer-lhe ousado!
Gritam acolá
E a face rubra cora
Antes do beijo,
Estupora!
Veio,
Foi!
Espera-lhe com panelas sujas,
Pratos engordurados,
Lençois manchados,
E o filho no ventre.
Grávida,
Enquanto não vem.
Cristiano Melo, 11 de julho de 2008.
terça-feira, 3 de março de 2009
Pesadelo
Com os olhos vermelhos, o cabelo desfeito
Cigarro acesso e a madrugada, sonolento
Gosto amargo e a insone sina da percepção.
Fantasmas ao redor, em rodopios nauseantes
Nauseabundo sentado sem muito entender
Será que demora a alvorecer?
Trago a fumaça mais fundo
Escorre o olho remelento, não deito
Escandalosos pensamentos em tormento
Confuso atino a separação.
Seres abomináveis como antes
Arregaçam os dentes sem me adormecer
Será que demora o alvorecer?
Apago o cigarro com um pigarro
Escarro o amarelo do interior do peito
Agonia que o barbitúrico só me deixa lento
Sôfrego e bêbado arranco o coração.
Entrego a ti, meu fantasma, pedante
Que sorri uma boca sem esmaecer.
Será que a morte demora a acontecer?
Cristiano Melo, madrugada de 03 de março de 2009.